Durante a minha vida vivi com corpetes justos, espartilhos apertados e crinolinas pesadas. Oram mudavam os formatos, ora as cores, ora as cordas: finas ou mais espessas; largas ou mais justas. Incomodativas, sempre foram, essas fartas locomotivas. É a existência numa asfixia de moldes, frutos de tempo e espaços próprios. As pessoas correm, a olhos vistos, em todas estas justuras que sufocam a beleza de se viver livremente. Não são paredes de tijolos, mas feituras humanas, medíocres, das cabeças, que viram práticas-produto. Luís XIV usava saltos altos. Confortáveis não eram por certo. Certo será que as crinolinas, os corpetes e os espartilhos, das damas da sua corte, também não o eram. Todos vivem (e não sou só eu) com adereços sociais inúteis, desconfortáveis, que não são de cimento, nem de barro nem de pano nem de madeira nem de arcos nem de varetas. Nem de nada que se possa descrever em linhas de homens. As coisas que espartilham, encorpetam ou crinam a vida não são as óbvi...