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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2013

Da magia das frases feitas:

‎"O que eu mais gosto no amor é que, quando é a sério, cabe tudo lá dentro. A paixão, o desejo, o pulsar das almas e a serenidade dos pensamentos, a vontade de construir outra vez o mundo à imagem e semelhança do que sentimos, a paz dos regressados e a poesia das folhas brancas que cada dia esperam a doçura das palavras e a certeza das ideias. O amor é mais do que querer, desenhar, sonhar e amar. É partilhar a vida inteira, numa entrega sem limites, como mergulhar no mar sem fundo ou voar a incalculáveis altitudes. O amor é muita coisa junta, não cabe em palavras nem em beijos, porque se leva a sim mesmo por caminhos que nem ele mesmo conhece, por isso quem ama se repete sem se cansar e tudo promete quase sem pensar, porque o amor, quando é a sério, sai-nos por todos os poros, até quando estamos calados ou a dormir." Ps: Encontrei o texto numa rede social. Não lhe conheço o autor original, mas ficam ressalvados os direitos.

Morreste-me?

Não houve, desde então, dia de chuva como aquele. Contavam vinte do mês primeiro de dois mil e cinco; assolava um frio de morte. O dia cheirava a choro, a saudade, a raiva, a medo; a despedida. De entre os ramos de flores, os tules, as velas, marcava-se a personificação da minha saudade. Desde aí, nunca mais deixei escapar pessoas, nunca mais me desinteressei dos outros. Reaprendi a calcular distâncias e a aceitar partidas, por não haver adeus tão definitivo como aquele. Foi o pior dos Invernos, a pior das Primaveras, o pior dos Verões. E logo chegou o Outono com a chuva; as memórias. Não há chuva como aquela. Não há dias cinzentos como aquele. Não houve dias até então. Partiste-me com a tua partida. E dei-me depois. Senti a tua falta quando queria defesa e não encontrava. Chorei-te, como ainda o faço, quando não tenho berço, nem mão que me acuda nesta intensa missão de viver. Guardei-te, reaprendendo a amar.  Nunca me vou esquecer do cheiro moribundo do sentimento de culpa por não

Do medo do escuro:

Deixaste de te aproximar de mansinho, como quem chega a meio da noite, no fim do trabalho. Deixei de te sentir o cheiro perto, o aroma a frutos. Deixei de te tocar à noite, de manhã, nas noites quentes em que os nossos corpos se mexiam nos mesmos lençóis, no mesmo prazer. Deixamos de ver-nos tantas vezes, de estar juntos como antes. Sinto pedaços de mim a serem retirados de dentro de mim. Imaginar-te com outra pessoa é morder-me todo por dentro. É como se me perdesse, todos os dias, principalmente à noite, quando tenho mais saudades. Hoje está a ser um dia difícil, confesso-te. Estou cansado, sinto-me perdido, mesmo tendo cumprido as metas que a nova vida me obriga. Não quero contar mais horas, apenas desejo dormir. Tenho saudades tuas. Do que fomos e já não somos e desta imensidão que está dentro de mim. É uma barragem a abrir comportas, é um tremendo desamparo. Espero ser feliz. É o que mais tenho desejado e feito por isso. E de um dia recordar que tudo não passou de uma fase. Esper

Como nunca mais

Saudade, "vai, entra à vontade", porque eu já esperava que fosses voltar. Com esses olhos tão verdes falando de esperança para me tentar. Saudade, "senta-te à vontade" e dá-me notícias que trazes de alguém. Passado, porque tudo passa e até tu, saudade, vais passar também. Não há dois dias nunca iguais. Eu quero viver cada dia como nunca mais. É bem possível que ainda amanhã me peças para voltar atrás. Mas, ouve, o que passou passou, nada se repete. Para mim tanto faz. É bem possível que outro amor cresça em mim em flor da cor do jasmim. O improvável acontece e até tu, saudade, vais chegar ao fim.  "Como nunca mais", Tozé Brito  (música de Ana Moura, em Desfado)

Encerrando ciclos

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas na sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está

Das perdas

Venho-vos falar de perdas: das que tentas soldar, em ferros, para que tudo fique igual. Tentas evitar e não consegues, por mais força que tenhas. Perdes infinitamente, na proporção do fim. Perdes o que tentas unir e perdes o que tentas não perder, por causa do jogo da perda. Acabas sempre por perder - não há jogo sem risco. E terminas sempre a ganhar - afinal não há jogo. (Não) Há perder sem ganhar. Não existe mais valia sem desvalorização. Dos finais - o pior de todos - é quando te sentes perdido de tanto teres perdido. Laços continuam desfeitos. As pontas desatadas. Os pedaços no chão. São os fins. Naturais da vida. Não são fins, na verdade. São começos.  Ferido nos olhos, por entre a luz dos vidros no chão, o raio espalha-se. Que brilho! Vês um desfoque - lá longue. Dos dias que nunca deveriam ter nascido - das perdas. Do chão que não há. O dia primeiro contado no primeiro pedaço que deixas das mãos cair.  bang   Adeus.  Luís Gonçalves Ferreira

Cabeça de Newton: maçãs podres

As pessoas seguem as suas vidas num completo vazio. Preenchem-se de objectos curtos, não se comprometendo com grandes feitos nem grandes conquistas. As depressões emocionais actuais exigem obrigatoriamente uma descida das expectativas do "nós" em relação aos "outros", e ao que esperamos deles. É proibido pedir o que os nossos pais se prometeram mutuamente. É insensato pensarmos como nos filmes da Disney, ou como nos plantam os livros de auto-ajuda. Um vazio enorme por dentro e um cheio incrível de acessórios por fora, é isto que nos sepulta. O automóvel, o telemóvel, as licenciaturas, os mestrados, as pós-graduações e doutoramentos e cursinhos: ocupar o tempo para tornar maior a dependência de alheios. O futuro? Entre um call center  ou um trabalho precário qualquer. Investimos milhões de euros no desenvolvimento intelectual do capital humano: está agora desvalorizado; como acções que caíram dramaticamente numa bolsa de valores qualquer. Não há mecânicos, nem carpi