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A mostrar mensagens de março, 2014

Abraço

Desde há semanas que estou de luto: morreu-me uma amiga.  Faz provavelmente dois anos (ou talvez mais) desde que nos conhecemos. Naquela altura, ela oscilava entre uma felicidade estonteante de um relacionamento novo e um luto triste de Inverno por duas perdas consecutivas. A amiga que eu conheci é certamente um farrapo deste élan. Era uma miúda que sabia imenso de cinema e de música, e apresentou-me de mão dada Elis Regina, pela qual me apaixonei sem pestanejar. Nos olhos, desenhava um risco incrível, onde exibia uma sombra cinzenta de colocar inveja aos céus. Olhava para ela, no silêncio ocasional da sua personalidade, e sentia-me na linha de respiração de um artista nato: alguém que não precisa de exibir nada para convencer alguém. Aquele silêncio também me ensinava que não bastava parecer, era preciso ser. Aquilo que parecemos e o que lhe suporta a existência, mas todos os criativos são gigantes com pés de barro. A minha amiga é dos poucos casos que contrariam Saramago e d