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A mostrar mensagens de agosto, 2020

Arqueologia da aparência

Na urdidura do meu livro falo das diferenças conceptuais entre o traje e a da indumentária. Enquanto o primeiro incorpora referências do passado ou recria algo fantasioso e/ou folclórico, o segundo integra-se no fenómeno de moda e contempla elementos de distinção e competição em relação à aparência dos outros; o sujeito interpreta um signo diferente e procura destacar-se pela sua incorporação na imagem que inventa de si. Afinal, a moda, em todos os objetos de consumo, vive do passageiro e do fugaz e é, nesta medida, um importantíssimo documento histórico. Este vídeo* ilustra completamente as profundidades temporais diferentes dos dois conceitos, mas fá-los conviver num mesmo plano artístico e imagético. Esta distinção falta, regularmente, a quem trabalha na etnografia ou na história da moda/roupa/traje e é especialmente grave nestes últimos, porque acrescenta à crítica à fonte e ao sujeito histórico a que se refere  No vídeo*, enquanto o corpo se movimenta num sentido de indumentária -

Verbo ser (humano)

A desumanização não tem que ver com a pandemia, mas com a modernidade doente na qual vivemos. Entre muitos outros aspetos, a modernidade pauta-se pela ausência de empatia para com o outro; transformados em tecnocratas, fazemos muito bem ações instrumentais - de cima para baixo, envolvendo todos os setores sociais e profissionais, colocamos e retiramos muito bem coisas e números de uns sítios para os outros. Falta o resto... Urinar num corredor de um hospital* já não faz parte de uma distopia escrita nos anos 60 a 80 do século passado; urinar num corredor, em frente a todas as pessoas na total ausência da dignidade do SER, vive-se e vê-se no presente; no agora. Aparentemente, vamos deixando de lutar pelas utopias que nos fazem gente. Gente é um conjunto de pessoas; uma família; o género humano. Pessoas são SERES que se tornam HUMANOS nas ações para com o mundo em seu redor. Ser-se humano é tão pouco quanto isto? Luís Gonçalves Ferreira (*) Texto escrito a propósito de um vídeo que circu