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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2011
Mensagens. Rascunhos. Mensagens. Rascunhos. Reler. Reler. Reler. Encontrar. Rascunhos. Mensagens. Rascunhos. Luís Gonçalves Ferreira

Relatividade

Esperas que o telefone toque e ele não mexe. Esperas por um sinal e ele não chega. Esperas por ti e aparentemente não te encontras. E depois habituas-te, calmamente, a viver sem nada disso, porque nada disso importa. E, apesar de viveres em linhas, ainda as podes escolher, principalmente porque podes saltar fora e isso só depende de ti. De vez em vez, por suspiros, tens saudades e sentes melancolia. É normal: logo adormeces e passa; nada disso te importa. Luís Gonçalves Ferreira

Longe da morte, mas perto do coração

As cortinas desceram e faltavam dez minutos para as onze. Era, por certo, um pouco tarde para esconder o sol que lhe aquecia as feições, mas Maria sabia que não havia descansado por outra razão. Depois de ter perdido demasiadas coisas na vida, e ter ganho consciência dos ganhos maiores que tivera sofrido, o vazio emocional era enorme na proporção da sua insatisfação. Queixara-se, faz tempo, a um amigo, que o deambular diário que fazia não lhe preenchia as medidas. Aos conselhos fez orelhas aparentemente moucas, e continuara a sair à rua desesperada por algo novo que lhe modificasse o eixo de vida, como se a mudança não partisse de dentro para fora, mas ao contrário.  Talvez seja esse o maior problema da existência humana: os erros de auto-análise. Maria, por acaso chamada assim, era disso exemplo, como todos os outros parvos e parvas que sofrem por aquilo que não têm e talvez nem sequer tenham tido. "Parvos" dos medievais, históricos, e dos modernos, esse já "idiotas&

Memórias em nota de Canto

Roubaram-te a História e fizeram-lhe um filho. Seu nome são Memórias e já é velho do teu passado. A partir daí foram-se aos pares, em cordéis, e nunca mais regressaram para curar feridas. Memórias sobrevivem e bloqueiam os teus pensamentos livres, os (re)confortos úteis e os prazeres fáceis. Não consegues viver livremente, porque existe a linha do contra-peso que te puxa para trás. Por vir ao assunto, pensaram-lhe em chamar-lhe de Peso, tão-só. Era curto de mais e eu sempre amei eufemismos. Pensaram em mim, no templo da escolha do nome, logo após o parto. Não deram como tido em mais nada, porque perdeu-se a escolha quando te entregas sem correntes. Batutas, metáforas e ferros. Barulho. Não se sabe de nada. Memórias gravadas e Peso aos amigos. A seguir somam-se tempos e ventos e tão-somente batalhas. A maior guerra está ganha (ou perdida) e Memórias são a prova disso. "Pessoas não são provas", pensarás tu, nobre plebeu disfarçado de pobre. Pobreza que não sofres, mas ostentas

Anjo

Ela: Acreditas em Deus?  Eu: Não sei se acredito, mas tenho uma relação especial com Ele. Sabes, confundem Deus com a Igreja e se a tua pergunta está nessa confusão, não, não acredito em Deus. Se estás certa das diferenças, sim, acredito em Deus. No verdadeiro, no que me inspira os passos e me inovou os traços, os valores e as relações com as pessoas.  Ela: Sim, mas então Deus não é uma boa inspiração. És péssimo nas relações humanas, porque pensas que todos são capazes de amar o teu templo de valores. Eu vivi isso. Eu fugi de ti por isso. Essa tua busca incansável pela verdade dos outros não atrai ninguém, e consegue repulsar as pessoas de ti.  Eu: Sim, é verdade... Sou bom de mais ou mau de mais. Depende da forma como acreditas na tua mentira, na tua ficção de vida. Recuso-me a viver ficções, ou tento não as ter como certas. Mesmo sabendo que elas existem.  Ela: Mas...  Ele: Sim, tens razão. Sou péssimo nas relações humanas, mas sempre fiz o que achei estar correcto. Abandonei a

Entre peças e pedaços: o sonho

O problema do amor é precisamente a forma de como te deixa ficar. Ou melhor, a forma como parte. Esquecer é como fazer um luto: requer calma e respeito pelas fases. A tendência natural leva-nos automaticamente a procurar outro, sem limar as pontas, arestas e curar as feridas. Um fim implica um recomeço e, como tal, deve ser pensado segundo a lógica cientifíca: analisar as falhas do modelo e das (in)compatibilidades, obrigar a mente a traduzir erros em legendas e momentos em memórias. Sabes, desde logo, que há coisas a que não podes fugir: vais passar na praia e recordar-te da pessoa; caminhar na cidade e recordar os passos; visitar memória e arrastar sentimentos. Isso ficará para toda a vida, provavelmente, mesmo picando-ponto segunda vez, mesmo que só mesmo que acompanhado. Andei à chuva na praia. Testei-me nos teus beijos. Deduzi-me nas minhas inseguranças. Analisei-te nos trejeitos e fiz-me crescer. Sem perceber o final, respeito-me pelo amor às recordações. Não sei se vou eclipsar