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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2010

Espartilhos, Corpetes e Crinolinas

Durante a minha vida vivi com corpetes justos, espartilhos apertados e crinolinas pesadas. Oram mudavam os formatos, ora as cores, ora as cordas: finas ou mais espessas; largas ou mais justas. Incomodativas, sempre foram, essas fartas locomotivas. É a existência numa asfixia de moldes, frutos de tempo e espaços próprios. As pessoas correm, a olhos vistos, em todas estas justuras que sufocam a beleza de se viver livremente. Não são paredes de tijolos, mas feituras humanas, medíocres, das cabeças, que viram práticas-produto. Luís XIV usava saltos altos. Confortáveis não eram por certo. Certo será que as crinolinas, os corpetes e os espartilhos, das damas da sua corte, também não o eram.  Todos vivem (e não sou só eu) com adereços sociais inúteis, desconfortáveis, que não são de cimento, nem de barro nem de pano nem de madeira nem de arcos nem de varetas. Nem de nada que se possa descrever em linhas de homens. As coisas que espartilham, encorpetam ou crinam a vida não são as óbvias c

Sobre o poço que é o tempo

Às vezes o relógio do tempo podia parar, por minutos, para prolongar os momentos e congelar as memórias. É triste sentir-se o tempo a destilar o corpo. A inundar a carne de uma água que era sã, de translúcida, e passou a ser poluída, de negra que está. Mas isto é só da matéria, da substância, porque as auras, as mediunidades dos corpos, que são espíritos, mantêm-se lúcidas, mesmo que a foice passe por eles e os eleve, ao monte da memória e da recordação. Não há Olimpo que recolha as preces. Nem céu que acolha as almas. Há tempo. O dos homens e o da recordação que nos trava as pessoas entre o coração e o cérebro. Não é que isto seja de agora, ou da Ágora de outros tempos. É de sempre. É dos homens. É do corpo que é alma estrelar, num poço de carne que é doente, decadente, desde que nasce, porque logo se desfalece, em números que são aniversários. São lágrimas. É a História, feita de estórias e histórias, que davam Livros. É o tempo que tropeça cara abaixo, a desgastar as rochas e a e tr

À flor da pele

De noite, como quem sofre em silêncio, abriste-me a alma com a profundidade do teu olhar. Não pedi descaradamente que chegasses, até porque desconfiava de mim. Não exigi a deus nenhum coisa alguma. Rezei, apenas, durante anos, para que viesses, no meio de uma nuvem de sonhos, para que, a ser mentira, te esfumasses num instante. Não paguei promessas, porque nunca lhe topei sentido. Tomei tombos. Raspei joelhos. Fui amparado algumas vezes, outras foram as que nem carinho me calou a lágrima que tropeçava em mim mesmo. Não desisti de te encontrar, mesmo que só me dessem uma presença parecida em sonhos. Desde que aconteceu, recolho-me na tua tranquilidade e sonho com as pressas todas de ser feliz. Não sei se durará até sempre, porque o futuro a deus pertence (ao das rezas, não aos das preces). Nunca quis roubar púlpito a ninguém, muito menos à divindade que nos plantou isto no peito. Nem o farei. Mas hoje, por segundos, apetece-me mandar no futuro e julgar que isto é eterno, por ser tão ma

Buraco na alma

Sinto vontade de escrever e dizer que estou triste, mas já não tenho tempo emocional para isso. Sinto saudade dos vossos comentários. Sinto de saudade de mim. Perdi-me há imenso tempo, num arco-íris de sonhos. Disseram-me que deveria saltar do barco agora, mas não consigo. Tenho medo. Muito medo. E torno-me frio. Insensível. Perturbado. Fraco. Inconstante. Não sou eu. Não posso ser eu. O coração está oco. Eu sinto falta do Luís que sempre foi, mas que se perdeu. Não quero que isto dure para sempre. Não tenho orgulho. E já não adianta chorar nem pedir desculpa. Temo que tenha, eu mesmo, enterrado a parte de mim que mais gostava. Apetece-me, mesmo assim, chorar, sem parar, e ter colo, aos 20 anos, como o que tinha aos 6, depois de uma queda qualquer. Provavelmente - e fatalmente - esta é a pior consequência de se crescer. Estou a passar pelo momento mais difícil da minha vida e não consigo sair dele.  Sem mais,  Luís Gonçalves Ferreira

Ainda na frequência do casório:

Há momentos que deveriam, obrigatoriamente, ficar marcados na nossa vida. Não só pelo poder da memória, mas por algo mais intenso e físico. Há alguém que o fez pela minha irmã e pôr a história dela e do meu cunhado (ainda não me habituei a esta palavra) num vídeo. E fico giríssimo. Gostei tanto que decidi partilhar convosco. Aqui fica: Viva a criatividade, porque de coisas pirosas de iguais já o mundo está cheio. Sem mais, Luís Gonçalves Ferreira

O prometido ainda é devido:

Ora, junto seguem as prometidas fotografias do casório da irmã mais velha, aqui há tempos (e são apenas os bastidores ):

Acordo e sou poeta. Adormeço e sou um sonho.

Se te amo para sempre? O meu coração garante-me que sim. Confessa-me, agora, em surdina, na língua dos corações, que nunca te vai apagar de lá. E eu acredito nele. Sempre acreditei nas suas confissões. Falamos horas a fio sobre pessoas. É ele que treme primeiro, rejeita ou acolhe. Abraçou-te. Sem mais, Luís Gonçalves Ferreira PS.: Estou a ficar oficialmente um meloso. Isto só pode ser da primavera. Acho que estou a entra no standard da blogosfera. E a diversidade do "Suor de um Rosto" sofre com isso.

Madrugada dentro

Não é fácil amar, muito menos em silêncio. Não é fácil sentir medos. Não é fácil ser-se, assim. E quero que saibas isso, porque é só isso que me resta dizer-te.  Quero que apercebas disso e do profundo amor que sinto por ti. Luís Gonçalves Ferreira

Emburreci

Estar longe de quem se gosta é, provavelmente, a pior coisa do mundo.  Já nem sei contar os quilómetros dos homens. Luís Gonçalves Ferreira

Bagunça

Peço desculpa, a todos os seguidores, por andar um pouco ausente destas lides. Em tempo de exames é-me difícil passar por aqui tantas vezes como desejava.  Ando desinspirado, por concreta expressão da bagunça intelectual de que me tenho feito nestes últimos dias. Os exames põe-me emocionalmente muito frágil e, como já sabem, tal coisa nunca me acontecia nos doirados tempos académicos. Agora, entre alegrias e tristezas, tenho me feito de desistências. E ando a caminhar, pedra sobre pedra, como quem vai para uma luz leve, fina, e cada vez mais longínqua. É um plano paralelo de existência e uma mágoa enorme que me assola quando não me consigo superar. Provavelmente, como já me aconselharam, não deveria sofrer por antecipação e deixar-me ir. Mas eu não consigo. Não sou assim. Para quem tinha o barco sempre controlado, vejo-me traído por ondas e contra-correntes que não me dão descanso. Com força, por fortalecimento do músculo do coração, vou-me aguentando, como o bravo leão que nunca dei

Dia da Mãe

Mamita, adoro-te. Isto não é todo necessário de se dizer publicamente, mas é mais uma forma de expressar tudo aquilo que significas para mim. Se eu tenho um edifício seguro ele foi construído com muito de ti. Por tudo, mas especialmente por continuares aí, obrigado. Beijinho especial à mamã, Luís Gonçalves Ferreira