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Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2013

Habemus

Gosto muito de anónimos que me comentam as publicações. Dá aquela sensação que somos entretenimento para desocupados. A coisa mais interessante nisto é que sempre adorei serviços de passatempo para massas. Suor de um rosto  é oficialmente ressuscitado. Habemus . Luís Gonçalves Ferreira

Cedo o meu lugar a quem te mereça

Eu não quero ser Eu não quero pedir Mas estou a perder E não sei que fazer mais O que eu era desapareceu E quando falo parece, parece Que não sou mais eu Tento encontrar-me, desenrascar-me Já faço a cama Ando ocupada a tentar fugir de ti Mas mais longe é mais perto Mais difícil fazer o correcto do que estar certo Por isso… Cedo o meu lugar a quem te mereça Que decore os teus planos e que não se esqueça Cedo o meu lugar a quem te mereça Que te dê tudo e que nem pareça Cedo o meu lugar a quem te mereça Que fique do teu lado e que não esmoreça Cedo o meu lugar… Mas a seguir peço para voltar Para mim nunca foi um jogo Foi apenas um retrato Onde ficávamos bem os dois Onde as dúvidas são p'ra depois Gosto mesmo de ti Mas tu nunca estás... Nunca estás aqui Por isso… Cedo o meu lugar a quem te mereça Que decore os teus planos e que não se esqueça Cedo o meu lugar a quem te mereça Que te dê tudo e que nem par

Das palavras que jamais te direi -

Yesterday is history Tomorrow's a mystery I can see you lookin' back at me Keep your eyes on me

Que lucidez?

Por vezes, aguentamos de mais daquelas coisas às quais diríamos, narrativamente, "nunca me sujeitarei". Duvidamos da assertividade das primeiras vezes, subjugando-as ao acaso; desacreditamos da continuidade dos ensaios intermédios - não podemos abandonar aquilo que nos parece salvar; e, quando damos por nós, somos ferros da girândola.  Há um raio espirituoso que parece condenar o estado em que nos metemos. Na verdade, vemos que nunca devíamos ter aceite entrar naquele círculo de droga, de vício; de carência de nós próprios.  Depois da poeira passar - e dos apercebermos da real sujeira que nos está nos sapatos - há que saber limar arestas, reconhecer erros, repartir e repatriar vícios: momentos de apátrida sofrido. Há que saber continuar, especialmente com a consciência de que, durante a vida, formulamos certas verdades nas quais acreditamos apenas para nos abstrairmos do nosso real caos interior. É como uma fuga em frente sem momentos de lucidez. E há pessoas que nos par

Um problema de auto-estima

"O problema da auto-estima que vem de fora (de um livro, do guru da moda, do grupo de amigos cool, da roupa gira que se usa, do contacto com uma figura cujo saber se admira, das fotografias da viagem à Polinésia Francesa que se fez ou de uma citação que se encontrou) é que não é nossa. Podemos até pedi-la emprestada mas haverá sempre que devolvê-la. E o ser humano que não percebe que a todo o edifício do amor próprio tem de ser erigido por si pode até bradar aos ventos que é o máximo - não importa. É quando fica sozinho, sem livros de auto-ajuda nem o saber do génio alheio nem amigos de circunstância (daqueles que fazem vénias a tudo quanto fazemos porque mais do que isso dá uma trabalheira do caraças), sem citações de self-made-jerks que ganham dinheiro à custa da miséria emotivo-intelectual alheia, nem a oportunidade de mostrar fotografias que grangeiam muitos comentários nas redes sociais, que o verdadeiro eu se revela a si mesmo. Devolvida a auto-estima que não é sua

Crítica desobstruída

As questões do mundo. As infindáveis perguntas sobre os sentidos, os rumos, as circunstâncias de morrer ou de viver. Uma procura incansável pelo absolutismo de estar, experimentar, seguir caminhos e contornar obstáculos. A fuga da solidão, a busca dos prazeres fáceis - somos uma sociedade do oculto: de nós mesmos. Das terapias alternativas, da dissolução da ciência, da quebra da medicina tradicional e das Igrejas monoteístas. Somos um rumo sem rumo. Um caminho com tantos caminhos.  A re-fundação do ser humano passa pelas crises económicas, pelos papas que renunciam, pela busca incansável do conforto para o ser que não somos, mas queremos ser, sem nunca deixar de querer ser aquilo que é: uma espécie de um reencontro com a energia de um nascimento. É o encontro no imediato, no tangível, no âmbito do concreto. É uma abstracção da caridade, do fundamento dos outros, onde sobra a regra do egoísmo para se sofrer menos.  Todos se procuram a si próprios, depois de tanto tempo a acharem-se

Aquilo que nos faz falta

É mais difícil quando a noite chega e o silêncio toma conta do espaço.  Lembro-me dos cheiros, da textura da tua pele, e do passado que passamos juntos, sem a uma lareira termos tido direito. Lembro-me de sonhar para que as minhas premonições não batessem certo e para que o fado dos olhares alheios não tivessem razão. Batalhei imensas vezes para o ter que não tinha e perdi-me na salvaguarda do que ia tendo. Desvalorizei, e perdi. Dos sorriso que se foram, das noites que jamais tivemos... Do teu cheiro. Do teu imperfeito sorriso cheio de significado. Há dias em que penso especialmente em tudo. Em que questiono tudo. Em que me leio, revejo e reajusto os projectos para mim próprio. Analiso as poesias dos outros sobre dramas idênticos... Procuro uma solução para este vazio que me preenche a alma, mal o sol se põe e chego do trabalho. A única missão é fazer o jantar, pensar em ti, arranjar formas para o deixar de fazer, e dormir rapidamente para não voltar a consumir a lembrança com as

Elogio ao amor puro

"O que eu quero fazer é o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Teixeira de Pascoaes meteu-se num navio para ir atrás de uma rapariga inglesa com quem nunca tinha falado. Estava apaixonado, foi parar a Liverpool. Quando finalmente conseguiu falar com ela, arrependeu-se. Quem é que hoje é capaz de se apaixonar assim? Hoje em dia as pessoas apaixonam-se por uma questão prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão mesmo ali ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato. Por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à minima merdinha entram “em diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado . Os amantes tornaram-se sócios. Reunem-se, discutem problemas, tom

Antony num grito submarinho

Ia escrever um texto de milhões de linhas, mas o que tenho no peito resume-se a esta melancolia cantada. Tudo pela voz de Antony, não fosse ele o que é; não emocionasse ele como me emociona; não escrevesse ele da forma como escreve. Só queria saber se está tudo bem contigo.  Boa noite, Luís Gonçalves Ferreira

Divagando

Saio de casa, descalço, com os pés cheios de pó, de ervas, de lama. Os sapatos caros não me servem de nada: sinto a grama na alma, o frio nos ombros, o peso no sorriso. Caminho, por entre a chuva, sem um destino. Espero que as respostas surjam na minha cabeça. Espero que as circunstâncias se disponham para me ajudar. Espero que os sonhos me dêem respostas. Espero e não encontro e continuo a acumular lama, por entre os dedos. São montanhas de lixo. É sangue como feridas. É uma caminhada que parece não ter um fim. Adormeço um pouco, só para meditar em conforto. Percebo que não posso parar... Depressa chega alguém e te esquece, pela substituição. Um dos maiores medos da minha vida sempre foi o do esquecimento. Do mal-trato. O do não reconhecimento. E, nas alturas em que a minha própria estrela se apaga, só me rodeio das luzes que não posso ter, voltando as costas, para ver a sombra. Não encontro. E rodo sobre mim mesmo. Esqueço-me do caminho. A alma pensa: é a apenas um dia mau. O pilot

Facebook - Suor de um rosto

Faz tempo que o boteco tinha uma página de fãs, no Facebook. Decidi torná-la pública agora, só porque faz sentido. Façam lá o gosto AQUI . Levem sugestões, comentários, besteiras, ou simplesmente não deixem nada.  Grato,  Luís Gonçalves Ferreira

Das coisas sobre Deus

Jesus gritava "ajuda". Pedro, João e Tiago continuavam em oração, tomados pelo sono, pelo cansaço. Não sentiam a presença do diabo, da tentação, nem sabiam que Ele suava sangue, ao invés de água. Não sabiam da história do cálice, nem a parábola da cruz no calvário, nem sequer conheciam que dali sairia o fundador da Igreja, aquele que dirá, com medo: "Não, eu não O conheço", para o galo cantar a seguir. Que a partir dali se iria erguer o maior embuste da história por entre os séculos. Que hoje estaríamos corruptos pela deturpação daquilo que Ele dizia, fazia ou queria. Deus errou ao tornar-se humano, mas precisava dessa provação para saber das suas limitações. Jesus, pensou, mais das vezes: "De que me serve ser filho de Deus se disto não posso fugir?". Como nós o questionamos diante os problemas. A Sua mente dava razão ao demónio. O servo do Mal sabia-o, por isso o acompanhou até à morte; não fosse essa a sua última chance de demover o Messias daquela