"O problema da auto-estima que vem de fora (de um livro, do guru da moda, do grupo de amigos cool, da roupa gira que se usa, do contacto com uma figura cujo saber se admira, das fotografias da viagem à Polinésia Francesa que se fez ou de uma citação que se encontrou) é que não é nossa.
Podemos até pedi-la emprestada mas haverá sempre que devolvê-la.
E o ser humano que não percebe que a todo o edifício do amor próprio tem de ser erigido por si pode até bradar aos ventos que é o máximo - não importa. É quando fica sozinho, sem livros de auto-ajuda nem o saber do génio alheio nem amigos de circunstância (daqueles que fazem vénias a tudo quanto fazemos porque mais do que isso dá uma trabalheira do caraças), sem citações de self-made-jerks que ganham dinheiro à custa da miséria emotivo-intelectual alheia, nem a oportunidade de mostrar fotografias que grangeiam muitos comentários nas redes sociais, que o verdadeiro eu se revela a si mesmo.
Devolvida a auto-estima que não é sua, fica só o farrapo de quem não se dá ao trabalho de ser honesto consigo próprio. E disso não temos pena alguma."
- por Ana Andrade, no não menos soberbo "Coisas e Cenas".
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