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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2010

Jeito de comunicado

Faz algum tempo que não passo cá para vos dizer qualquer coisa. Penso na blogosfera todos os dias, porque faz parte de mim escrever para os outros. Confesso-vos que nunca acabarei com este espaço, mas não menos importante é dizer que este sítio já teve melhores dias. Apetece-me agradecer profundamente aos que, mesmo sem grande entusiasmo do postador, ainda continuam a vir aqui visitar-me. Fazem-me pensar que não são os meus comentários na sua caixa de mensagens que os fazem vir cá. É em respeito a esses e aos anónimos que me visitam que nunca deixarei de escrever. Nem que seja só para vos agradecer coisas destas e comunicar que continuo por cá, convosco. Obrigado, Luís Gonçalves Ferreira PS.: Estou doente, como é lógico. As temperaturas baixas têm destes efeitos em mim.

De Barcelona fica:

Os passeios na Rambla e as gentes que vi. O cheiro. O toque. E o sentidos que vi apurar. Fica Gaudí, Picasso e Dali. Ficas tu, aí, desse lado, porque não consegui escrever-te enquanto lá permaneci. Fica-me o cheiro no nariz e o vento frio do metro na pele. Fica-me, nas botas, a chuva de uma manhã e a terra de uma cidade que nunca tinha pisado. No cabelo está-me a bolina por empréstimo dos ouvidos. Essas trompetes guardam os passos das pessoas, o discurso das visitas guiadas por máquinas e os castelhano, catalão, inglês, francês e italiano que ouvi. Guardo o Museu Nacional de Arte da Catalunha, a Catedral de Barcelona, o Parque Guell e de Montjuic e o da Cidadela. Fica logicamente a Sagrada Família de Gaudí e a Casa Batlló e a Milá. Guardo as conversas aparvalhadas e o sono coleccionado. Nos pés estão o cansaço de quilómetros percorridos. Ficam as saudades de ter saudades de ti. Guardo o melhor que Barcelona me deu e penso no que outras cidade me poderão acrescentar.  Ficaram coisas po

Obrigado (prémios #18, #19, #20 e #21)

Destes quase dois anos de blogosfera o Daniel Silva (Lobinho), do Sair das Palavras, é, a par de uma meia-dúzia, umas das pessoas que mais prazer me dá ler. Pela pessoa que é, pela forma de estar e, acima de tudo, pela riqueza de valores que tudo o que escreve transporta. Nesta altura em que a minha presença por todos os blogues anda apagada, e que vivo, em consequência, num egoísmo profundo na blogosfera, o Daniel, na altura de dedicar de si aos outros, através de prémios, lembrou-se de mim. E queria, sinceramente, aproveitar esta altura para lhe agradecer aqui, no meu espaço, onde tantas e tantas vezes partilhou dos seus pensamentos (sempre críticos, construtivos e elogiadores).   Um imenso obrigado, Daniel. Exponho os selos/prémios que ele me ofereceu gentilmente, de seguida:   Sem mais, Luís Gonçalves Ferreira

Espero chegar ao fim ao teu lado...

Sonhei que te ia perder... Acho que já não posso mais lutar contra nada. Acho que não consigo fazer mais nada. O rio corre, levemente, por meio dos meus pés molhados de ti. O coração, que outrora tirei para pôr dentro de ti, está a mudar de morada e, finalmente, regressa a mim... Dói bastante. As pedras continuam quentes. O sol está frio. E o tempo corre rápido neste relógio parado. A energia e o calor e o sabor querem voltar, mas eu teimo em não deixar... Acho que isto um dia vai passar. Espero chegar ao fim ao teu lado... Luís Gonçalves Ferreira

A sociologia das cores

Cresci com associações constantes ao universo das cores. Lembro-me, desde pequeno, perante um queixume, de a minha mãe me perguntar, em jeito de desvalorização: De que cor é... a fome? De que cor é... a felicidade? De que cor é... a tristeza? De que cor é... o frio? A fome era escura, provavelmente preta. A felicidade é luminosa, provavelmente cor-de-laranja. A tristeza? Era preta, lembro-me bem. O frio? Não, não é branco, era azul ciano. Cresci, assim, na intensidade do preto e do branco. Da claridade de um azul ou de um amarelo. Da tristeza de um preto ou na temperatura de um vermelho. Como em tudo na vida, é a memória que nos trabalha o campo sentimental que todas as coisas têm. São as cores das pessoas, caros leitores, às quais me quero referir. As gentes que nos cruzam os braços, as pernas e empapam o coração têm cores. Como a fome ou a energia da felicidade, todas os seres significam tonalidades para nós. Provavelmente, nunca pensou nisto, tão-pouco. Desafio-o a fazê-lo.  Que qu

Estalo

O sentimento de desilusão é talvez o sentimento mais atroz e pesado do mundo. É sentir-se que se deu a mão, o braço, e o corpo todo por uma coisa e perceber que não houve a mesma dádiva do outro lado. É a confiança que está destruída. E não consigo escrever, sequer. Mais uma estalada num corpo completamente fustigado.  É perceber que não se merece. É isso que custa. Lutei sempre e nunca menti. Luís Gonçalves Ferreira

Carta IV

Avó, como estás? Noutro dia, como sempre, fui ver-te ao local onde está a tua fotografia e umas frases iguais a tantas outras. Eram vermelhas, as tuas flores. Estava tudo bonito e arrumado. A tua nova casa, como sempre, estava tão fria. O dia está sempre frio quando te vou visitar lá, já reparaste? Espero que no céu seja tudo mais ameno e menos chuvoso. Tu merecias viver mais tempo, porque eras calma, serena e um porto seguro. Queria voltar a ser menino e ter-te novamente e dar-te tudo o que merecias de mim. Era muito pequeno para perceber como merecias mais carinho... Tenho saudades tuas, avó. Do teu colo. Do teu carinho. Da tua protecção e de quando ias comigo passear, à terça-feira. Fomos dois companheiros muito fortes, não fomos? Deixaste-me de responder... Não te oiço. Mas sinto-te. Sinto muito a tua falta, onde quer que estejas.  Tenho muitas saudades tuas. Muitas mesmo.  Até logo, nos sonhos, avó. É só lá que me consigo encontrar contigo e abraçar-te docemente. Luís Gonçalve

Carta III

Queria-te escrever tudo o que o coração sente por ti, mas a confusão abala-me os pulsos, e a cabeça e tudo o que poderia relevar nesta tarefa. Eu queria-te explicar como me dói perder-te assim. Queria-te explicar, sinceramente, como me custa observar o caminho que isto leva. Quero só que saibas que, provavelmente, foste o maior amor que tive até hoje.  O maior e o de mais valor. Reservo-te, agora que ameaças a saída colossal de ti, um lugar bonito e elevado. Não quero guardar rancores, nem raivas nem ódio. Nunca quis nada disto para nós. Sonhei com o limbo na terra. Sonhei. Foi esse o erro, provavelmente. Esse e dizer-te sempre a verdade. É essa a tranquilidade que levo: Nunca te menti. É provavelmente isto que, para ti, não interessa. Contudo, é isso que me dá descanso e ainda me deixa dormir quando não estás ao meu lado. O que eu sinto por ti tem um nome, mas já me proibiste de te dizer. O que eu quero tem um sentido, mas revoltas-te quando tento saber de ti. Espanta-me que já não l

Janela de força

Fui caminhando, sem fazer barulho, na direcção em que os sonhos eram prováveis. Fui, de mansinho, naquela direcção onde a luz nunca falhou. Agora, quando ia a caminho, em segurança, a luz apagou-se e os sonhos mudaram. Estou no centro do túnel. Entre a boca do destino. No coração do futuro. No tempo onde o tempo deveria contar mais que os prazeres fáceis. Estou cansado para voltar para trás... Estou cansado para seguir em frente. Mas sei que não posso ficar, aqui, no meio, sentado, à espera que as pessoas passem e me levem na brisa das suas costas. Apetecia-me planar ao fechar os olhos... E sair daqui para uma outra luz, noutro denso estado, fora daqui.  Pertença vã. Carne fraca. Medo do escuro. Fome de ti. Sede de mim. Falta de abraços. De pessoas. De carinhos. Tristeza por dentro sedada por fora e adormecida numa meia-noite qualquer. Apetece-me dormir, na rosca que estes lençóis me fazem. Apetece-me fugir daqui com este conforto. Tenho vontade de respirar, com força, e sentir-me a de

As máscaras e as bruxas

No Halloween, como no Carnaval, vemos milhentas máscaras que circulam. É esta a hora de se fazerem ver, de facto, as caras que todas as máscaras escondem. A máscara, que devolve realidade à pessoa, revela muito da própria máscara que se tenta esconder. São máscaras. São caras. São rostos. São pessoas. Resta perceber o que é falso e plástico no meio de tanta falsa-plasticidade. É uma luta diária. É a mascaridade que toda a personalidade tem. Bom feriado! Luís Gonçalves Ferreira