Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2010

Gemido sem lógica

Apetece-me escrever, mas simultaneamente não me apetece fazer coisa nenhuma. Esta divisão intelectual entre o querer e o fazer anda-me a moer o juízo em migas finas. É um desconhecimento enorme de mim mesmo. No fundo, é uma falta de identidade gerando uma outra identidade. É o crescimento: Incrível; bestial. E agora, quando isto não tem retorno (e este texto não tem lógica), não há nada a fazer. Aceitação e encaminhamento. É disto que vou ter de me fazer. E é por isto que forço a escrita: Faz-me bem e serve-me de auto-reconhecimento.  Luís Gonçalves Ferreira

As horas já não são fartas e os espaços cheios

A playlist no iTunes congelou com as mesmas músicas faz tempo. O blogue está praticamente morto. Deixei de aprontar os manequins que pairam na montra. Perdi o gosto por quase tudo num lapso de tempo. Ele é, em si, já morto. Não sei o que se passa com esta monotonia rápida que me está a mudar. Pegou-me nas pernas e nos braços e no corpo e levou-me longe. Para lá do conhecido. É como recomeçar. Reconhecer. Restabelecer laços com os gostos que pensava jamais vir a gostar. É um caminho. Um caminho. Luís Gonçalves Ferreira

Fundo sepulcro

Desabafar para o papel costumava resultar, mas habituei-me a ti. Irremediavelmente apeguei-me à nossa história e decidi caminhar junto de ti. Fomos sempre os melhores amigos. Companheiros. Estás a destruir tudo ao tentar afastar um pedaço de mim que não consigo largar. Queres-me de uma forma que não sou. Não posso dividir-me em metades e esquecer tudo, porque nunca te obriguei a tal coisa. E sinto-me triste. E desamparado. E às vezes já não estás. É só isso que me preocupa: sofro mais quando não estás. Luís Gonçalves Ferreira

Pandora, a diva

Mundo, a mais recente princesa da minha vida chama-se Pandora, e é uma persa azul. Tão linda, não é? Agora é vê-la crescer.  Beijos e Abraços, Luís Gonçalves Ferreira, o pai babado :)

Pessoas que são pó

A pior sensação que se por ter, no campo relacional, é a de desilusão. As pessoas, aqui e acolá, no egoísmo próprio do homem, vão representando as imagens que delas cultivámos nos nossos planos pessoais. Ora aqui ora ali, surgem rostos associados a sentimentos, comportamentos, atitudes e formas de ser. Pior é sentir que tudo, inclusive o que se presta, deixa de valer a pena por falta de correspondência ou  por meras atitudes injustificadas.  O sentimento, sobre variadas formas, surge como uma representação do outro e não como aquilo que é verdadeiramente. E a realidade, essa fria existência cerebral, tratará de nos mostrar que as peças, frias e gélidas do xadrez, estão colocadas segundo um ordenamento diferente daquele que, anteriormente, tínhamos como certo. Assim, num passo de magia do tempo, a mesa do tabuleiro vira e o inimigo muda a capa. As peças do Xadrez, como na vida, desorganizam-se. Tudo por que, a certa altura, fomos mais sentimentais que cerebrais e distanciamos o olhar, a

Vou partir... nesse barco

São como farpas, leves, breves, Aladas. Encantadas. Raspam. E moem. E mastigam como de um corvo preto se aproveitasse. E mantivesse uma dor,  Pérpetua (e profunda),  Que escava, por dentro, Com a frieza de quem já não sente, Ou talvez sinta... Mas já nem se cative, Porque mata e lapida o que de bom Mais abundava. É o Império do passado. Do infinitivo de um verbo E de um tempo que foi. Destilou-se em águas bravas E rochas pálidas de uma natureza qualquer. Caminhou, com conchas negras às costas,  Num peregrinação sem rumo, O fundo era pano erguido e jamais descido. São estórias feitas da História dos tempos E das gentes. E de tudo o que mais grita,  Entre as pernas de um povo. Malfadado fado. Negro destino. Pobre e podre fardo de um corpo por demais cansado. E farto.  São memórias. Rasgadas em fios panos.  Do tal fim que não há e foi erguido e jamais descido. Resta uma torpe língua. E defeituosos sentimentos de raspados batimentos De uma febril carne que mora, Dentro, perto do ar,  Ao

Dizem que são sentimentos, mas parecem rochas

Estou a tentar recomeçar o meu caminho sem ti, como dantes. Não está a ser fácil, e tu saberás isso. Se existe felicidade, por estar bem contigo, existe mágoa por não ter feito tudo o que havia de ser feito. Estou vagamente triste com tudo isto. E chegam momentos em que o mundo fica afunilado e só te vejo, lá no fundo, a pairar no longe de um tudo que um dia foi nosso. Ao som de um piano gravado qualquer, percorres-me a tinta da caneca e as dilatações pálidas dos poros. Sinto-te aqui, dentro de mim, a ferver como no primeiro dia. A diferença é que agora já não posso dizer, livremente, que te amo. Tudo isto raspa forte num coração de um metal negro e levemente esfumado da tua poeira. É triste perceber que já não estás nesta bagunça em que a minha vida se transformou. Tenho saudades de quando tudo estava arrumado. Muitas saudades. Já não sou quem era. E disso há que tirar a eterna e imensa vantagem de tudo o que é novo e conhecemos pela primeira vez. Até sempre. Amanhã é um novo dia. Lu

Caí das mãos da criada, descuidada

Este blogue anda parado parado parado. E a culpa é minha, que teimo em não me aproximar disto de uma vez por todas. Tenho saudades dos tempos que destilava rolos de coisas aqui. Perdi-me. E ainda não consegui juntar os bocados. Sem mais, Luís Gonçalves Ferreira

Novo template

Mais um templo à arte, mas desta feita com uma imagem de Lady GaGa para a revista Vanity Fair. As fotografias são verdadeiramente marcantes e foram tiradas por Nick Knight. Deixo-vos, também, os bastidores da sessão fotográfica. Espero que gostem. Luís Gonçalves Ferreira

A Fé e a Morte

Quando me deparo com a fé verdadeira de alguém sinto-me tocado por dentro. É um brilho nos olhos incrível este que se me apresenta algumas vezes. É uma crença. E uma luz. Não é irracionalidade, caro leitor, é necessidade. Quando se perde o chão, por completo, o ser humano agarra-se ao que desconhece e seria capaz de imensos passos no escuro para atingir a pouca luz que lhe sobra, lá no fundo, onde a vida termina e a morte assusta. No Sábado, fui tocado pela Fé. Fui capaz de fazer alguém feliz e proporcionei, provavelmente, um dos últimos desejos de um corpo quase morto de doente. Era uma senhora. Nova, por sinal. Tinha dois filhos, pequenos: uma menina e um rapaz. Estava "queimada por dentro" como me contara, com brilho nos olhos de quem estava doente, mas estava com os filhos, em sorriso, raramente. Tinha um cancro, mas não me confessou onde. Disse-me só, emocionada, olhando-me os olhos - lendo-me por dentro - que eu mesmo a tinha emocionado com a minha atitude.  Senti-me