Por momentos - loucos, é certo - esqueço-me de mim e sou capaz de amar. Amar sem parar, com direito às anulações, sofrimentos e despersonalizações que os amores parecem ter. Por momentos - curtos e fugazes - eu esqueço-me de mim e sou, inteiramente, completamente, antagonicamente teu. Entrego-me, como quem não espera um amor livre. Dou-me como quem sente que as minhas vísceras são as tuas entranhas. Abraço-te como quem encosta os corações, que outrora estavam frios, gelados e nus. Aproveita, meu amor, eu sou teu. Aproveita que estou louco e leva-me contigo, para sempre. Rapta-me o corpo, a mente e o descanso eterno deste insano coração. Corres, contudo, o sério risco de não me levares por inteiro. Prefiro trair o coração que a mente, amar a imagem do que viver intensamente a vida de outrem. Amor, querido e visceral amor, leva-me e mostra-me que existes. Não sei quantas horas tenho para cumprir esta promessa que fiz a mim mesmo. A memória irá voltar e corres risco de já não me acha...
A quem o dizes.. tanta vez que me sinto assim.. Mesmo tendo agora um novo livro, não sei se conseguirei escrever nele por muito tempo.
ResponderEliminarExcelente analogia com Álvaro de Campos!
ResponderEliminarSe fossemos a ter em consideração as suas três fases, relembrar-te-ia de que, e com toda a razão que te aproximas dele nesta fase niilista e decadentista; porque tens toda a razão de assim te sentires. Condicionamentos da vida. Mas lembra-te que a próxima fase e não perdendo o fio à meada é sem dúvida de euforia e exaltação.
As coisas vão levar o seu rumo.
Tranquilamente.
E a vontade de te expressares e de viver com a tal ataraxia (que é essencial na condição humana) vai voltar.
Um beijo e uma excelente continuação Luis.