Estou a tentar recomeçar o meu caminho sem ti, como dantes. Não está a ser fácil, e tu saberás isso. Se existe felicidade, por estar bem contigo, existe mágoa por não ter feito tudo o que havia de ser feito. Estou vagamente triste com tudo isto. E chegam momentos em que o mundo fica afunilado e só te vejo, lá no fundo, a pairar no longe de um tudo que um dia foi nosso. Ao som de um piano gravado qualquer, percorres-me a tinta da caneca e as dilatações pálidas dos poros. Sinto-te aqui, dentro de mim, a ferver como no primeiro dia. A diferença é que agora já não posso dizer, livremente, que te amo. Tudo isto raspa forte num coração de um metal negro e levemente esfumado da tua poeira.
É triste perceber que já não estás nesta bagunça em que a minha vida se transformou. Tenho saudades de quando tudo estava arrumado. Muitas saudades. Já não sou quem era. E disso há que tirar a eterna e imensa vantagem de tudo o que é novo e conhecemos pela primeira vez.
Até sempre. Amanhã é um novo dia.
Luís Gonçalves Ferreira
É sempre mau quando nos apercebemos que já não amamos aquele alguém. Mas, eventualmente, acaba por passar.
ResponderEliminarBoa sorte, com essa vida desarrumada *