Acho que eram dois dias quando te contei pela última vez. Acho que éramos um só quando te sonhei pela última vez. Acho que me restam perguntas por responder e um conjunto inacreditável de respostas sem terem tido direito a pergunta ou à curiosidade da alma. A vida é uma constante de mortes e renascimentos, personificados no doloroso final e no glorioso início que todos conhecemos. Mas a morte e o nascimento não moram só nas primárias e finais instâncias que o céu e o inferno nos fazem acreditar. Renascemos vezes sem contas e ressuscitamos como fazemos morrer presenças. E não existe nada mais assustador que essa instabilidade: está tudo arrumado em gavetas e não sabemos se existe purgatório a seguir que baste aos nossos medos. Isso é o bem e o mal, o certo e o incerto, o tido como o achado. Apetecem-me frases soltas. Soltam-se pensamentos e não se agarram palavras. E só precisava de escrever isto. Luís Gonçalves Ferreira