Naquele instante, Pedro disse que sim e as cortinas desceram. Não hesitou em revelar-se e despojar-se de si. Pensavam todos que era óbvio, estampado de mais para ser mentira. E de facto não o era. Mas a verdade vinda directamente da boca dos intermediários é sempre uma maior verdade: é como um garante a si mesma.
Pedro havia pensado horas a fio sobre aquela verdade. Enganara-se, praticamente, ao pensar que era mentira e que podia expulsar o que se mostrava em si. Penitenciara-se, confessou à mesa, mas de nada adiantou. Quanto mais crescia mais aumentava a gravitação daquela certeza. Confessar-se é como dar um presente a quem recebe. E é essa a única luz de se ser diferente: a novidade é cativante.
Luís Gonçalves Ferreira
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