Tinha doze anos quando me perdi de casa e fui ter ao templo. Tinha saído para brincar, lembrando os tempos em que, com o meu primo João, na porta de casa, brindavamos o mundo com os nossos sorrisos de meninos. A minha mãe, naquele tempo, cozinhava para Isabel, sua prima, pois, cansada e velha, tinha perdido a visão e a capacidade para cuidar dos desígnios da casa. Pelos entremeios, entre as refeições e os trabalhos de fiação, a minha mãe contava-nos histórias sobre os Profetas do povo de deus. Eram tempos felizes, apesar de, pouco tempo depois, Isabel ter morrido nos braços da minha mãe (os mesmos que mais tarde viriam a suportar o peso do meu corpo morto). João, depois de uns tempos passados em nossa casa, partiu para o deserto. A minha mãe explicara-me, uma noite, que o meu primo era um precursor e, como tal, fazia coisas que só aos olhos de Deus são explicáveis. Encontrei-me com um velho, enquanto brincava: vestia-se de preto e ostentava um nobre ceptro alto, parecido com o ...