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Natal 2008

Tudo passou muito depressa neste Natal.
A espera, pela meia-noite, deixou de ser incansável e estranha...
Acho que estou a crescer!
Passei a relativizar todos os momentos e o importante passou mesmo a ser família.
Mesmo assim a magia, o calor, os sentimentos estiveram lá.

Este ano fizemos uma coisa diferente. Anexamos a cada presente um bilhete. Nesse bilhete estava um texto (quase na sua totalidade escritos por mim) que pretendia desvendar o que estava escondido no embrulho. Era lido (com choros - para uns - e sorrisos - para outros tantos) com espanto e amor e tentado adivinhar pelas outras 16 pessoas da sala. Tudo o que escrevi pretendia que de certa marcasse as pessoas, fazê-las perceber o que, aos olhos dos que nos rodeiam, são na verdade. As homenagens fazem-se em vida. Os gestos e os abraços dão-se quando a alma ainda respira, e quando o corpo é capaz de responder.
Foi giro e recomendo a toda a gente que o faça. Torna aquele momento em algo de mágico e que revela o verdadeiro espírito de Natal. Um momento com os seus normais 20 minutos prolonga-se por uma hora e meia bastante saborosa.
Conseguimos ultrapassar as perdas, o desfalque, a grande falta que uma pessoa muito importante nos faz. Sentia-a sempre lá, em espírito, em potência. Como que cada bilhete, cada rasgo no embrulho, cada lágrima e sorriso fizessem com que a dor fosse superada para dar lugar à alegria da recordação.
Começo a achar que o meu pai tem razão: o Natal deveria ser como os casamentos ciganos e durar toda a semana.

Agora espero já pela passagem de ano. Na minha família é como um segundo Natal.

Para que fique a marca,
Luís Gonçalves Ferreira

Comentários

  1. Gostei muito do teu relato sobre o que foi o Natal em tua casa.
    Na minha foi bem diferente. E confesso que não achei piada nenhuma. Não senti aquela magia, aquele sentido de Natal e de união familiar. Enfim...

    Gostei da tua ideia dos bilhetinhos nos presentes. Para o ano vou experimentar, talvez torne o meu Natal mais interessante.

    =D

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