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"Click" de Frank Coraci

E se um comando universal... controlasse tudo na tua vida?
Viciado no trabalho e facilmente irritável, Michael Newman (Adam Sandler) não tem tempo para a mulher (Kate Beckinsale) nem para os filhos... Tudo para impressionar um chefe ingrato e merecer uma boa promoção. Mas eis que um dia, através de Morty (Christopher Walken), um vendedor cheio de conversa, consegue o que sempre desejou: um comando remoto mágico que lhe permite passar o mais rapidamente possível pelas pequeninas distracções da vida com resultados cada vez mais extraordinários.
Porém, quanto mais usa o comando para transitar virtualmente entre a família e os amigos mais Michael se deixa dominar pelo aparelho que subtilmente lhe controla a vida, nesta imparável, divertida e descontrolada comédia de aventura.

[ http://sic.aeiou.pt/online/entretenimento/cinemasic/Filmes/cin1.htm ]





Ontem à noite prostrei-me em frente à minha televisão e fui parar a este filme.
Engraçado que já o tinha visto mas nunca havia tirado dele quaisquer ensinamentos. Representava aquilo que qualquer comédia (género de filme que não me agrada muito) representa - algo sem sentido nem analogias com a realidade.
O filme encapota uma moralidade surpreendente, uma verdade imortal e de extrema importância para uma vida em família, com os amigos, partilhando amores, desamores, tristezas, sorrisos e desafios ( na ampla e versátil acepção do termo).
Com o ritmo de vida desenfreado, alucinante, fugaz da vida, arriscamo-nos a perder o seu "grano salis", aquilo que é mais singelo e que vinca as pessoas. Os modelos familiares cantaminam-nos de modelos, de pilares de sociabilidade, de sonhos partilhamos, de abraços dados e de amores vividos de força incansável.
A personagem principal (que depois apenas sonhara com a realidade de uma passagem demasiado rápida do tempo) perdia não só a família, os amigos e a experiência de evolução, como passara para os seus a irremediável herança de padrões familiares destruturados que prendem numa bola de sabão (fosca e impenetrável) os verdadeiros sentimentos.
A ele foi-lhe dada uma segunda oportunidade, porque não passa de um filme, de um argumento. A qualquer dos seres humanos essa varinha de condão nunca aparecerá. RW, FF, PLAY, STOP, não são os comandos da vida.
Mas, este filme cumpre a verdadeira função do cinema, da música e da arte em geral: carregar-se de realidades e verdades universais. A mensagem é clara. O tempo vale por si e para a sanidade de todos. O valor que damos às coisas importa, mas aquele que damos às pessoas e àquilo que lhe dizemos vale muito mais. Os carinhos e beijos dados todos os dias, valem e valerão sempre. Arriscar evoluir num sentido restrito e pouco aquisitivo comporta empobrecimento perene e enfadonho de um eu enjaulado na redoma da vida.
Arrependimento, dor e sofrimento, de nunca ter experimentado, adormecerão irremediavelmente com(o) a própria morte.
Infelizmente só damos valor às coisas quando as perdemos. E, por já ter perdido pessoas sem nunca lhes dizer verdades universais, capto a importância desta mensagens simples.
O tempo, essa realidade dura, é o que nos enruga a face mas também o que nos adoça a alma, o que nos diversifica e amplia a forma mentis.

Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

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