"Foram mil epopeias
Vidas tão cheias
Foram oceanos de amor
Já fui ao Brasil
Praia e Bissau
Angola, Moçambique
Goa e Macau
Ai, fui até Timor
Já fui um conquistador"
Da Vinci - Conquistador
Vidas tão cheias
Foram oceanos de amor
Já fui ao Brasil
Praia e Bissau
Angola, Moçambique
Goa e Macau
Ai, fui até Timor
Já fui um conquistador"
Da Vinci - Conquistador
Ainda nem era nascido e já esta música era apresentada no Festival da Eurovisão da Canção (1989), na Suíça, pelo Da Vinci.
Cresci a trauteá-la - "já fui ao Brasil, Praia e Macau, Angola e Moçambique, já fui até Timor, já fui um conquistadooooooooor" (eu cantava assim, sempre tive tendência para deturpar as letras das músicas, mas também era muito nome para uma criança decorar). Fazia-o antes mesmo de saber onde eram estas terras todas (aliás nem sabia, provavelmente, se eram cidades, frutos ou países), que os portugueses foram os primeiros a colonizar, que tudo começou no tempo do Portugal coroado e que em mim ia nascer, mais tarde, uma paixão pela História.
Perdemos a glória que tivemos noutros tempos. Todos nós olhamos para o passado com mágoa. Conseguimos perder um Império, o glamour da corte, a sofisticação da coroa, o amor de sermos descobridores. Tudo porque, na verdade, a riqueza, a instrução, a sofisticação e o glamour nunca foram de todos. O sol não nascia para todos.
Cada um de nós, enquanto português, carrega o fado no peito. Um fado feito futuro (como destino, que envolve o presente) e um fado como passado (feito, como destino que já conhecemos e que reconhecemos em cada um de nós). As Histórias dos Reis perdidos, das naus afundadas, das bandeiras suplantadas, dos mapas coloridos, da hegemonia cobiçada, dos amores dos trovadores e dos desejados e dos esquecidos e dos lavradores, das Marias Piadosas, dos vários Afonsos, dos ricos Joões, dos fatídicos e ambiciosos Pedros, dos Interregnos, dos Filipes malvados, do Reino Católico, do povo que gastara tudo o que teve, de poetas e génios e críticos destemidos, de ditadores santificados para depois serem escorraçados, de revoluções gloriosas, de confusões e indefinições políticas, de um país atrasado que evoluiu, de um país que não preza a cultura e a língua que o identifica, de um povo que reza credos em que já não acredita, de uma nação (termo que sempre agradou a autocratas) que se habituou a deixar de ser o melhor, que se resignou a ficar no fim da fila, a comer dos restos, a não ter iniciativa própria.
No entanto, somos e fomos um povo brilhante. Terra de poetas brilhantes, de diplomatas astuciosos, de gente corajosa, ambiciosa e lutadora. Resistimos a cada crise com se fosse a última. Aceitamos, por demasiadas vezes, que nos defendessem, que nos comprassem o chão, que talhassem as tábuas do nosso próprio caixão.
"Povo que lavas no rio
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão
Há-de haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não"
Pedro Homem de Mello - Povo que lavas no rio
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão
Há-de haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não"
Pedro Homem de Mello - Povo que lavas no rio
Este fado, como tantos outros, fora protagonizado em Fado. Carrega a melancolia, a tragédia e o destino nas suas palavras, nos gemidos da guitarra portuguesa, no timbre da voz vestida de negro, nos trajes ardentes em tristeza.
Com o Fado pede-se silêncio. Com a sua companhia bebemos, mais fluentemente, de todos os sentimentos para que somos transportados.
Por herança judaico-cristã lidamos mal com as perdas, com a morte, com o pecado, com o corpo desnudo, com o desejo e com os sentimentos. Idolatramos facilmente as pessoas, as coisas, os objectos enfadonhos. Julgamos facilmente o outro, porque os olhos não se tranquilizam com o que vêm ao espelho.
Na memória pesa o que somos.
No espírito morre a nossa verdadeira essência.
Luís Gonçalves Ferreira
mas que raio de FADO me calhou...
ResponderEliminaré a p**a da vida, como diria alguém!
Beijinho!
Qi giruuh tb me lembro de cantarolar essa primeira música..era tão piqena qdo saiu..e eu tropeçava nas cidades todas, acho q ainda hje as confundo qd tento cantar a música hehe lembra-me os amigos dos meus pais ainda solteiros todos a canta-la..bons momentos
ResponderEliminarA segunda música vale a pena só por ser cantada pela Joaninha..que vozeirão!
Beijinhoo*