"Há um prenúncio de morte
Lá do fundo de onde eu venho
Os antigos chamam-lhe relho
Novos ricos são má sorte
É a pronúncia do Norte
Os tontos chamam-lhe torpe
Hemisfério fraco outro forte
Meio-dia não sejas triste
A bússola não sei se existe
E o plano talvez aborte
Nem guerra, bairro ou corte
É a pronúncia do Norte
É um prenúncio de morte
Corre um rio para o mar
Não tenho barqueiro nem hei-de remar
Procuro caminho novos para andar
Tolheste os ramos onde pousavam
Da Geada as pérolas as fontes secaram
Corre um rio para o mar
E há um prenúncio de morte
E as teias que vidram nas janelas
esperam um barco parecido com elas
Não tenho barqueiro nem hei-de remar
Procuro caminhos novos para andar
E é a pronúncia do Norte
Corre um rio para o mar
E as teias que vidram nas janelas
esperam um barco parecido com elas
Não tenho barqueiro nem hei-de remar
Procuro caminhos novos para andar
E é a pronúncia do Norte
Corre um rio para o mar"
Pronúncia do Norte
GNR e Isabel Silvestre
Esta é a música dos GNR que mais gosto. Arrepia-me profundamente ouvi-la.
Sinto-a nas minhas entranhas. Atenuada, por força da modernidade ("novos ricos são má sorte"), ainda consigo senti-la na ruralidade do local onde vivo. Espelha a forma muito nortenha (tão trágica e acomodada) de percepção da realidade. Quando passo na rua vejo este fado nos olhares envergonhados, nas críticas caladas, na religiosidade do lenço negro, nas rugas cansadas de uma vida ingrata e cansada do próprio tempo.
É uma pronúncia polivalente e envergonhada, densa mas dispersa, tendo tanto de fatal como de anímica. Dinâmica e versátil, como o próprio povo que a expressa. Original como a cultura que a circunscreve. Escrava de si mesma como o reflexo do espelho.
Gosto de ser do Norte.
Gosto de ser português.
Gosto de escrever na língua que penso.
Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira
Lá do fundo de onde eu venho
Os antigos chamam-lhe relho
Novos ricos são má sorte
É a pronúncia do Norte
Os tontos chamam-lhe torpe
Hemisfério fraco outro forte
Meio-dia não sejas triste
A bússola não sei se existe
E o plano talvez aborte
Nem guerra, bairro ou corte
É a pronúncia do Norte
É um prenúncio de morte
Corre um rio para o mar
Não tenho barqueiro nem hei-de remar
Procuro caminho novos para andar
Tolheste os ramos onde pousavam
Da Geada as pérolas as fontes secaram
Corre um rio para o mar
E há um prenúncio de morte
E as teias que vidram nas janelas
esperam um barco parecido com elas
Não tenho barqueiro nem hei-de remar
Procuro caminhos novos para andar
E é a pronúncia do Norte
Corre um rio para o mar
E as teias que vidram nas janelas
esperam um barco parecido com elas
Não tenho barqueiro nem hei-de remar
Procuro caminhos novos para andar
E é a pronúncia do Norte
Corre um rio para o mar"
Pronúncia do Norte
GNR e Isabel Silvestre
Esta é a música dos GNR que mais gosto. Arrepia-me profundamente ouvi-la.
Sinto-a nas minhas entranhas. Atenuada, por força da modernidade ("novos ricos são má sorte"), ainda consigo senti-la na ruralidade do local onde vivo. Espelha a forma muito nortenha (tão trágica e acomodada) de percepção da realidade. Quando passo na rua vejo este fado nos olhares envergonhados, nas críticas caladas, na religiosidade do lenço negro, nas rugas cansadas de uma vida ingrata e cansada do próprio tempo.
É uma pronúncia polivalente e envergonhada, densa mas dispersa, tendo tanto de fatal como de anímica. Dinâmica e versátil, como o próprio povo que a expressa. Original como a cultura que a circunscreve. Escrava de si mesma como o reflexo do espelho.
Gosto de ser do Norte.
Gosto de ser português.
Gosto de escrever na língua que penso.
Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira
E "BIBA" o Norte, carago!
ResponderEliminar:DD
É como tu dizes, tanto se aplica aos tempos modernos de cidades que nunca param e onde a juventude é dinâmica, como à antiga maneira de ser portuguesa, da ruralidade de outros tempos, que teima em ficar.
Beijo!