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Um projecto chamado Timor "Lorosae"




Lavam-se os olhos nega-se o beijo
do labirinto escolhe-se o mar
no cais deserto fica o desejo
da terra quente por conquistar

Nobre soldado que vens senhor
por sobre as asas do teu dragão
beijas os corpos no chão queimado
nunca serás o nosso perdão

Ai Timor
calam-se as vozes
dos teus avós
Ai Timor
se outros calam
cantemos nós

Salgas de ventres que não tiveste
ceifando os filhos que não são teus
nobre soldado nunca sonhaste
ver uma espada na mão de Deus

Da cruz se faz uma lança em chamas
que sangra o céu no sol do meio dia
do meio dos corpos a mesma lama
leito final onde o amor nascia

Ai Timor
calam-se as vozes
dos teus avós
Ai Timor
se outros calam
cantemos nós
TROVANTE - Timor
Música: João Gil
Letra: João Monge

Esta música reporta-me para um sonho. Sonho que não era só meu, que não vivia só aqui casa, nem na da vizinha. Era um sonho nacional. Parou este país (o meu país) e fê-lo chorar por um "umbigo" que não era seu.

Portugal soube estar à medida do seu projecto de paz.
Como poucas vezes se viu, Portugal gritou, parou, entusiasmou e manifestou por uma questão que lhe era querida.

Acredito, que nem todos os portugueses soubessem o problema daquele pedaço de terreno esquecido. Nem, tão pouco, que Portugal tinha uma cota parte de responsabilidade, ou melhor de irresponsabilidade, quanto a Timor.

Tentamos, com os nossos recursos diplomáticos, resolver uma questão política, que havia ficado pendurada no armário, desde o tempo da nossa Revolução de '75.

Conseguimos dar as mãos e mover esforços para repor a nacionalidade e a democracia à gente da Terra do Sol Nascente.

Esta música arrepia-me. Faz-me lembrar que, do outro lado do mundo, existe a personificação da outra face do meu país. É do Portugal solidário, que tem sempre algo para mostrar (nem que seja um sorriso, um carinho ou uns pacotes de comida para a Liga Contra a Fome), que eu me orgulho de pertencer.

Que nunca se calem as vozes,
Luís Gonçalves Ferreira

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