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Ora vejam

"Morremos a Rir" é o novo single do álbum "Companhia das Índias" (disco a solo de Rui Reininho).
Destaca-se a intelectualidade e a genialidade da letra (escrita a "caneta-meia" com Slimmy), a inovação da música, o sabor visual. Este é o Rui Reininho a que Portugal se habituou - aquele que primeiro se estranha para depois se entranhar.



À partida.
Num quarto escuro sem roupa dorme a miss Velha Europa
Acorda na Grande Migalha da China.
Sonhava ter descoberto a América ao sair da tropa.
A escrava africana soprava as velas à pequenina.

Venham mais mouras e Celtas, Vândalos, poetas
Marquises de “Alumenos”, Romenas, Ciganas, mas mais Indianas
Favelas, cancelas abertas sem condomínio

Fomos viajar sem sair do lugar
Vamos encalhar se o motor não pegar
Vamos lá subir sem tentar decair
Fomos naufragar e morremos a rir,
Morremos a rir.

Alguém sabe onde é o Quinto Império?
Alguém sabe onde mora o Terceiro Mundo?

Venham mais Mouras e Celtas, Vândalos, poetas
Marquises de “Alumenos”, Romenas, Ciganas mas mais Indianas
Favelas, cancelas abertas sem condomínio

Fomos viajar sem sair do lugar
Vamos encalhar se o motor não pegar
Vamos lá subir sem tentar decair
Fomos naufragar e morremos a rir
Vamos adorar o TGV chegar
Vamos aterrar sem sair do hangar

Fomos todos parir se o esperma permitir
Morremos a rir

Fomos viajar sem sair do lugar
Vamos encalhar se o motor não pegar
Vamos lá voar sem tentar decair
Fomos naufragar e morremos a rir*
Rui Reininho / Slimmy


Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

* a letra apanhei-a por aqui e por ali e dei-lhe uns retoques.

Comentários

  1. Simplesmente divinal, suberbo..
    O Rui Reininho, é king desta m**** toda!!! xD lool

    ResponderEliminar
  2. Comingo entranhou-se logo!
    Muito obrigada.
    A loucura genial da letra só encontra paralelo com (a minha preferida) "Ana Lee", ainda no tempo dos GNR. Ora vê (lê!):

    Eu bebi, sem cerimónia o chá
    à sombra uma banheira decorada,
    num lago de jambu

    e dormi, como uma pedra que mata
    senti as nossas vidas separadas,
    aquario de ostras cru

    Refrão:
    Ana lee, ana lee
    meu lótus azul,
    ópio do povo,
    jaguar perfumado,
    tigre de papel

    Ana lee, ana lee
    no lótus azul,
    nada de novo
    poente queimado,
    triângulo dourado.

    se ela se põe de vestidinha,
    parece logo uma princezinha,
    num trono de jasmim.

    e ao vir-me,
    embora em verde tónico,
    no país onde fumam as cigarras,
    deixei-a a sonhar por mim.

    :)

    ResponderEliminar
  3. [Fiquei com tanta saudade, porque é a banda sonora de uma fase muito feliz da minha vida (lembra-me amigas, faculdade, passeios de carro sem destino, noites em claro), que já a pus como banda sonora do meu cantinho!!!!]

    ResponderEliminar
  4. Luis

    Passa no meu blogue. E aceita o prémio. A ti, tinha de fazer o convite pessoalmente ;)

    Abraço =)

    ResponderEliminar
  5. Isto é que é boa música portuguesa!!..=D
    Ainda não tinha ouvido esta...obrigada por ma dares a conhecer..;)...e pelo teu comentário no meu blog!

    Beijo.

    ResponderEliminar

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