Avançar para o conteúdo principal

Restolho

Restolho
[...]
Geme o restolho, a transpirar de chuva
Nos campos que a ceifeira mutilou
Dormindo em velhos sonhos que sonhou
Na alma a mágoa enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
Semear no pó e voltar a colher
Há que ser trigo, depois ser restolho
Há que penar para aprender a viver

E a vida não é existir sem mais nada
A vida não é dia sim, dia não
É feita em cada entrega alucinada
P'ra receber daquilo que aumenta o coração.
[...]
Música de Mafalda Veiga


Amor faz amor. Carinho gera carinho. Felicidade propícia mais felicidade.

O trigo é a vida. O restolho são os momentos sem significado. A brisa é o mundo. A ceifeira significará as pessoas que nos magoam, muitas vezes sem qualquer razão nem necessidade.

Apesar de tudo, ainda há sonho.

Esta letra, como poucas, tem um significado especial para mim. É paradigma da falibilidade humana e da sua capacidade infindável de nascer de novo.

Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

Comentários

  1. Somos todos fénix(es).
    Renascemos as vezes que forem precisas.
    A capacidade de renovação, resistência e querer humanos são impressionantes. Deveras.

    ResponderEliminar
  2. A Mafalda Veiga é cá de Montemor-o-Novo. Admiro-a, não só como cantora mas como escritora :) Esta letra é simplesmente linda, assim como tantas outras dela...
    Lembro-me de chorar baba e ranho, abraçada a uma grande amiga minha, ao som de "Meu Abrigo"; lembro-me de noites inteiras a ouvir "Fim do dia"; lembro-me de ver a minha pele arrepiada quando ouvi "Balada de un soldado"...Enfim, as músicas dela esvoaçam este quarto à anos, acredita :) Se soubesses a quantidade de músicas que sei de cor...

    Bom gosto, muito bom gosto Luís :) Mais um ponto na minha consideração.

    ResponderEliminar
  3. Adoro esta musica como muitas outras=)

    ...Mas é preciso morrer e nascer de novo
    Semear no pó e voltar a colher...*

    BeijinhoOo

    ResponderEliminar
  4. Adoro Mafalda Veiga.... As músicas, as letras.... as mensagens que as musicas transmitem, a energia.....

    "E a vida não é existir sem mais nada
    A vida não é dia sim, dia não
    É feita em cada entrega alucinada
    P'ra receber daquilo que aumenta o coração." ---> Adoro Adoro Adoro!!!

    A vida é um momento que deve ser vivido com entrega total... e mai nada!!

    Beijinho..:))

    ResponderEliminar
  5. "Violência gera violência, violência gera ignorância, ignorância gera violência." Dealema
    Nunca gostei de Mafalda Veiga, mas essa letra até está rezoável..lol
    E não sei que mais dizer :P
    Beijinho

    ResponderEliminar
  6. Viva:

    Curioso, já vi que nos imbuímos das letras dos mesmos autores e compositores, apesar de sermos de diferentes gerações.

    Faz-me sentir mais pink
    ;-)

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Vá comenta! Sem medo. Sem receio. Com pré-conceitos, sal e pimenta!

Mensagens populares deste blogue

Aceitação do Prémio Lusitania História – História de Portugal Academia Portuguesa da História

Senhora Presidente da Academia Portuguesa da História, Professora Doutora Manuela Mendonça,  Senhores Membros do Conselho Académico, Senhoras e Senhores Académicos,  Senhor Dr. António Carlos Carvalho, representante da Lusitania Seguros, S.A., Ilustres Doadores,  Senhoras e Senhores,  Vestidos de Caridade, Vestidos de Fé, Vestidos de Serviço, Vestidos de Pátria.  São vários os nomes que podem ter os vestidos que, ao longo da História, foram oferecidos de ricos para os pobres, dos homens e mulheres para os deuses, dos senhores para os seus criados e criadas, de um país ou reino para o seu povo, do ser que não se é para o que se quer ser. Em todos eles há pedido, necessidade, dádiva, hierarquia e crepúsculo. A minha avó Júlia, costureira de ofício e filha de um armador de caixões, fez durante décadas roupas de “anjinho” que alugava nas festas e romarias do Minho. Miguel Torga, num de “Os Contos da Montanha”, referiu que nem o Coelho nem outro qualquer da aldeia o ...

Quietude

Tenho saudades de quando, no calor do tempo, caminhávamos de mãos dadas. Tenho saudades de sentir que as nossas almas eram uma só e que, mesmo por tornado, o castelo ficaria intacto. Lembro-me de como sorria a olhar para ti. Era genuína a forma de te contemplar. Hoje a ferida está aberta por de mais. Tudo me deixa triste, porque a margem de erro diminuiu de tanto ser usada (e abusada). Hoje são como farpas que entram na pele e ferem ainda mais. Não sei até que ponto isto continua viável. Como se a amizade se pudesse avaliar assim... Está tudo fora do sítio e, eu, quieto, continuo à tua espera. Luís Gonçalves Ferreira

Carta IV

Avó, como estás? Noutro dia, como sempre, fui ver-te ao local onde está a tua fotografia e umas frases iguais a tantas outras. Eram vermelhas, as tuas flores. Estava tudo bonito e arrumado. A tua nova casa, como sempre, estava tão fria. O dia está sempre frio quando te vou visitar lá, já reparaste? Espero que no céu seja tudo mais ameno e menos chuvoso. Tu merecias viver mais tempo, porque eras calma, serena e um porto seguro. Queria voltar a ser menino e ter-te novamente e dar-te tudo o que merecias de mim. Era muito pequeno para perceber como merecias mais carinho... Tenho saudades tuas, avó. Do teu colo. Do teu carinho. Da tua protecção e de quando ias comigo passear, à terça-feira. Fomos dois companheiros muito fortes, não fomos? Deixaste-me de responder... Não te oiço. Mas sinto-te. Sinto muito a tua falta, onde quer que estejas.  Tenho muitas saudades tuas. Muitas mesmo.  Até logo, nos sonhos, avó. É só lá que me consigo encontrar contigo e abraçar-te docemente. Luís...