Avançar para o conteúdo principal

O Reino de Cristal

Um dia, no meu Palácio, darei uma festa para mim. Sem ninguém. Alguém sentirá falta do suor das prostitutas e do calor da droga a destilar nas veias. Alguém sentirá falta do caviar e do champanhe. Alguém sentirá falta do Palácio e do Rei e da Corte. Alguém nunca esquecerá que os jardins são de ouro e vidro. Alguém fará descer a aurora do esquecimento sobre uma coisa qualquer. O Reino não será de carne, nem de matéria. Os jardins não serão verdes, nem com cor estereotipada. Nem o oiro será dourado como o oiro de verdade. Será tudo feito da diferença. Da diferença de olhar e de se ser quem não se é. Aliás, de ser quem jamais se foi.

Não sei quando tempo viverá o Rei e a Corte. Só espero pelo reino sem Rei. As almas sentirão falta do elo que as vincula. Nas relações humanas, o Rei e o Imperador são mesmo os sentimentos. Unidade? É por isso que devemos batalhar. Eu cansei-me. Cadé mais forças? Não desisto.

Aconselham-me a cagar e andar. E é isso que farei. Daqui em diante, serei Rei de quem mostrar ser merecedor da minha nobre Corte.

Luís Gonçalves Ferreira

Comentários

  1. Deveríamos fazer isso mais vezes.
    Não dar tanta importância, cagar mesmo na cena.
    Olhemos um pouco mais para o nosso umbigo, e não nos deixemos viver pelas influências do outros.

    Beijinho

    ResponderEliminar
  2. Clap-Clap-Clap!
    (é isso mesmo!!!)

    Beijooo!

    ResponderEliminar
  3. Não há melhor que a diferença, mais ainda quando ela esta nos nossos olhos =)

    A música do blog é linda *

    ResponderEliminar
  4. "É isso aí"
    Todos nós devíamos ter um palácio e deixar entrar apenas quem merecesse. Sem dúvida que temos de pensar em nós, e eu espero sinceramente ser merecedora da tua nobre Corte :) um beijinho

    (gosto MESMO da música)

    ResponderEliminar
  5. Ora aqui vai então sem medo e sem receio, mas aem pimenta porque prefiro piri-piri!

    Se cagares e andares não voltes NUNCA atrás para não pisares na merda que fizeste ;-)


    Abraço

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Vá comenta! Sem medo. Sem receio. Com pré-conceitos, sal e pimenta!

Mensagens populares deste blogue

Aceitação do Prémio Lusitania História – História de Portugal Academia Portuguesa da História

Senhora Presidente da Academia Portuguesa da História, Professora Doutora Manuela Mendonça,  Senhores Membros do Conselho Académico, Senhoras e Senhores Académicos,  Senhor Dr. António Carlos Carvalho, representante da Lusitania Seguros, S.A., Ilustres Doadores,  Senhoras e Senhores,  Vestidos de Caridade, Vestidos de Fé, Vestidos de Serviço, Vestidos de Pátria.  São vários os nomes que podem ter os vestidos que, ao longo da História, foram oferecidos de ricos para os pobres, dos homens e mulheres para os deuses, dos senhores para os seus criados e criadas, de um país ou reino para o seu povo, do ser que não se é para o que se quer ser. Em todos eles há pedido, necessidade, dádiva, hierarquia e crepúsculo. A minha avó Júlia, costureira de ofício e filha de um armador de caixões, fez durante décadas roupas de “anjinho” que alugava nas festas e romarias do Minho. Miguel Torga, num de “Os Contos da Montanha”, referiu que nem o Coelho nem outro qualquer da aldeia o ...

Quietude

Tenho saudades de quando, no calor do tempo, caminhávamos de mãos dadas. Tenho saudades de sentir que as nossas almas eram uma só e que, mesmo por tornado, o castelo ficaria intacto. Lembro-me de como sorria a olhar para ti. Era genuína a forma de te contemplar. Hoje a ferida está aberta por de mais. Tudo me deixa triste, porque a margem de erro diminuiu de tanto ser usada (e abusada). Hoje são como farpas que entram na pele e ferem ainda mais. Não sei até que ponto isto continua viável. Como se a amizade se pudesse avaliar assim... Está tudo fora do sítio e, eu, quieto, continuo à tua espera. Luís Gonçalves Ferreira

Carta IV

Avó, como estás? Noutro dia, como sempre, fui ver-te ao local onde está a tua fotografia e umas frases iguais a tantas outras. Eram vermelhas, as tuas flores. Estava tudo bonito e arrumado. A tua nova casa, como sempre, estava tão fria. O dia está sempre frio quando te vou visitar lá, já reparaste? Espero que no céu seja tudo mais ameno e menos chuvoso. Tu merecias viver mais tempo, porque eras calma, serena e um porto seguro. Queria voltar a ser menino e ter-te novamente e dar-te tudo o que merecias de mim. Era muito pequeno para perceber como merecias mais carinho... Tenho saudades tuas, avó. Do teu colo. Do teu carinho. Da tua protecção e de quando ias comigo passear, à terça-feira. Fomos dois companheiros muito fortes, não fomos? Deixaste-me de responder... Não te oiço. Mas sinto-te. Sinto muito a tua falta, onde quer que estejas.  Tenho muitas saudades tuas. Muitas mesmo.  Até logo, nos sonhos, avó. É só lá que me consigo encontrar contigo e abraçar-te docemente. Luís...