Sentados num banco de jardim, André e Rodrigo discutem a derrota injusta do Benfica frente ao Vitória de Guimarães. Ambos concordam que o Benfica tinha capacidade para muito mais.
Na tasca, Alice e Joana falam dos últimos prémios da música nos EUA. Gostaram desta ou daquela actuação, mas não encontram pontos comuns. Uma é gótica outra é nerd, mas dão-se incrivelmente bem. São as melhores amigas.
Do alto do Castelo de São Jorge, Pedro e Inês fotografam a cidade de Lisboa e comentam quão mágico é o luar, visto dali. Descem ao Chiado e continuam a árdua tarefa de trabalhar sem luz natural. Pausam e vão jantar. Está frio.
Alexandre e Vitória falam do processo de Bolonha e criticam a chuva de cadeiras. Não lhe conhecem vantagens. Debatem-se e organizam manifestações. Esquecem-se é que nada vale, agora, quando tudo está decidido.
O processo Face Oculta e as mundividências do meio-Governo socialista são temas largamente comentados por todos, especialmente pela D.ª Glória e o Sr. João, do terceiro esquerdo, onde moram com o resto da família. Fazem tricot e pensam na chegada dos netinhos. Glória esquece-se das coisas e magoa-se. João conforta-a e beija-a com a ternura dos 20.
Armando, desempregado, lê todos os jornais e conta os trocos para o café. Integra a maior empresa de Portugal e faz parte de uma taxa, percentuada e despersonalizada por um sistema. É uma vítima e um subsidio-dependente. Rejeitou dois trabalhos. Procura emprego.
Lúcia, doutora em Engenharia, professora universitária, vai buscar os filhos aos colégios e começa a fazer a lista de compras para o Natal. Está feliz porque vive bem, mas sente-se vazia. Faltam-lhe a mãe e o marido. Morreram vai fazer este Natal dois anos, num acidente de carro.
Daniela, estudante do Secundário, amassa-se com Márcio, à saída da escola, como uma canibal que faz perfumes de gente. Está na idade em que a paixão se confunde com o amor. Prostituem-se intelectualmente, traindo-se mutuamente. Acabarão por descobrir os podres um do outro.
Roberto, homossexual, cruza-se com uma lésbica e travam uma amizade colorida. Passam por duas senhoras que não comentam nem criticam os seus quentes beijos. Acham-nos normais.
Augusto, mendigo de profissão, indigente de ocupação, deambula pelas ruas de Faro, cheio de cobertores de papel e de sopas dos pobres. É cuspido e mal-olhado por todos. Pobre infeliz. Morrerá dentro de poucos anos, vítima de violência.
Pipinha e DriDri vão ao shopping comprar presentes uma para a outra. Parece que é uma nova moda dos aristocratas. Amanhã, vão a Paris com as mães. Os pais pagam. Elas gastam.
Luís, estudante de Direito, está sentado numa secretária em frente a um computador. Os pés estão regelados, porque hoje passou o dia ali, a fazer trabalhos para a mãe. Sonha, livremente. Relata-vos, num texto aparentemente parvo, estereótipos e preconceitos sociais. Não os acha normais como vocês não os acharão. Está preso à vida como à cadeira que o segura. Não sabe se acordará vendo as mesmas coisas.
Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira, o estudante que acaba de escrever isto.
Na tasca, Alice e Joana falam dos últimos prémios da música nos EUA. Gostaram desta ou daquela actuação, mas não encontram pontos comuns. Uma é gótica outra é nerd, mas dão-se incrivelmente bem. São as melhores amigas.
Do alto do Castelo de São Jorge, Pedro e Inês fotografam a cidade de Lisboa e comentam quão mágico é o luar, visto dali. Descem ao Chiado e continuam a árdua tarefa de trabalhar sem luz natural. Pausam e vão jantar. Está frio.
Alexandre e Vitória falam do processo de Bolonha e criticam a chuva de cadeiras. Não lhe conhecem vantagens. Debatem-se e organizam manifestações. Esquecem-se é que nada vale, agora, quando tudo está decidido.
O processo Face Oculta e as mundividências do meio-Governo socialista são temas largamente comentados por todos, especialmente pela D.ª Glória e o Sr. João, do terceiro esquerdo, onde moram com o resto da família. Fazem tricot e pensam na chegada dos netinhos. Glória esquece-se das coisas e magoa-se. João conforta-a e beija-a com a ternura dos 20.
Armando, desempregado, lê todos os jornais e conta os trocos para o café. Integra a maior empresa de Portugal e faz parte de uma taxa, percentuada e despersonalizada por um sistema. É uma vítima e um subsidio-dependente. Rejeitou dois trabalhos. Procura emprego.
Lúcia, doutora em Engenharia, professora universitária, vai buscar os filhos aos colégios e começa a fazer a lista de compras para o Natal. Está feliz porque vive bem, mas sente-se vazia. Faltam-lhe a mãe e o marido. Morreram vai fazer este Natal dois anos, num acidente de carro.
Daniela, estudante do Secundário, amassa-se com Márcio, à saída da escola, como uma canibal que faz perfumes de gente. Está na idade em que a paixão se confunde com o amor. Prostituem-se intelectualmente, traindo-se mutuamente. Acabarão por descobrir os podres um do outro.
Roberto, homossexual, cruza-se com uma lésbica e travam uma amizade colorida. Passam por duas senhoras que não comentam nem criticam os seus quentes beijos. Acham-nos normais.
Augusto, mendigo de profissão, indigente de ocupação, deambula pelas ruas de Faro, cheio de cobertores de papel e de sopas dos pobres. É cuspido e mal-olhado por todos. Pobre infeliz. Morrerá dentro de poucos anos, vítima de violência.
Pipinha e DriDri vão ao shopping comprar presentes uma para a outra. Parece que é uma nova moda dos aristocratas. Amanhã, vão a Paris com as mães. Os pais pagam. Elas gastam.
Luís, estudante de Direito, está sentado numa secretária em frente a um computador. Os pés estão regelados, porque hoje passou o dia ali, a fazer trabalhos para a mãe. Sonha, livremente. Relata-vos, num texto aparentemente parvo, estereótipos e preconceitos sociais. Não os acha normais como vocês não os acharão. Está preso à vida como à cadeira que o segura. Não sabe se acordará vendo as mesmas coisas.
Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira, o estudante que acaba de escrever isto.
Completamente sem palavras :|
ResponderEliminarSabes por que é que tu estás muito à frente? Porque estás. Porque só quem é maior pensa assim.
ResponderEliminarSim senhor...
ResponderEliminarIsto fez-me lembrar as reportagens que passaram na SIC "HISTÓRIAS COM GENTE DENTRO" (se não me engano).
Infelizmente existirão sempre estes e outros estereótipos, rótulos, que colocamos às pessoas à 1ª impressão.
Beijinho