O amor tem nuances e sentidos. Variar do preto sujo ao branco limpo é coisa da cabeça de cada um. Para mim o amor de amante é mau, suja e polui os bons sentimentos. Em exagero não remedeia nada, apenas mutila os outros sentimentos. É um amor de dependência, cada vez menos sem confiança. Acho que nos casamentos de 50 anos não há o amor puro, mas talvez um estádio maior, evoluído, onde a companhia e o respeito agigantam-se perante a frivolidade do sexo ou dos presentes materiais. Critico muito o viver os problemas, as dores e as mezinhas dos outros. É um viver a meio-gás. Já por isso se diz, lá nos canotilhos do Direito, que o Casamento limita o exercício de direito. É por certo uma analogia ao amor de amante.
O amor de amigo e da família é bom e cura quase tudo. É diferente do primeiro, porque não tem aquele pendor egoísta que o amor de amante tem. O cobrar sem mais não funciona, como regra, nos segundos campos do acto de amar. Podem existir afastamentos de anos ou quilómetros, mas quando o outro volta está tudo igual. No amor de amante, uma ida a Macau ou a Paris pode ser decisiva para o rompimento dessas coisa que se achava tão bela e cor-de-rosa. É o fervor da carne e da paixão a comandar os imperativos do coração e da mente. O respeito engaveta-se numa minúscula gaveta de egoísmo, irresponsabilidade e mentira.
Não sou mal amado, apenas consciente e racional. Mesmo assim, continuo incessantemente a amar, como se não existisse amanhã. Masoquismo? Sim. É o granu salis do Homem, onde o amor-próprio e o respeito mútuo são os primeiros valores da minha hierarquia.
Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira
Luís Gonçalves Ferreira
* Este texto surgiu de um comentário feito neste local.
E de um maravilhoso comentário, um post se fez! Fiquei feliz com isso, Luís! Feliz também em ver que não só disse que foi um comentário, como linkou minha página.
ResponderEliminarAbraço, meu caro!
Tu sabes como defender a tua opinião, e isso é ponto um da tua personalidade.
ResponderEliminarConcordo em parte do que disseste, mas quanto a matar por amor não concordo, pode ser por um desejo de posse obecessiva e isso não é saúdavel, ou por amor doentio. Mas em que parte se encontra aí o verdadeiro amor?
Não se encontra!
Respeito tudo que dizes, e li cada palavra tua com a maior atenção. Mas a vida e os encontros são feitos disto mesmo: sim(s) e não(s) :)
Beijinho Luis, e ama ao teu geito, porque mais certo ou mais errado...é o mais importante!
Peço desculpa, pronunciei-me mal. Sei bem que não serias capaz de ser a favor de matar com a justificação de que foi por amor. Tentaste apenas fazer-me ver que talvéz não sejas um acto tão repugnante como eu pensei e penso.
ResponderEliminarObrigada :)
Não há amor verdadeiro sem generosidade. Não a generosidade de dar, mas a de aceitar. Raramente aceitamos o Outro pelo que ele é, mas pelo que ele nos faz sentir. Isso não é generosidade, logo, não é amor.
ResponderEliminarGostei muito deste texto, mesmo.