Quando ligo o televisor e vejo aquele desfilar de desgraça, saque e pobreza no Haiti, lembro-me, sempre, destas frases retiradas d'O Ensaio Sobre a Cegueira, de Saramago:
"[...] com mil diabos, a cegueira não se pega, A morte também não se pega, e apesar disso todos morremos. [...]Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem"
São corpos abandonados nas ruas, a montes, onde os ritos religiosos não cabem na desgraça. São barracas, casas e palácios destruídos. É uma sociedade de rastos, onde os saques e a miséria humana se espelham. É nestas situações que nos apercebemos que o Homem não é senão um bicho, capaz de tudo. É nos estados de necessidade que tomámos nota da podridão da existência sem regras e Humanidade. É nestas alturas que todos, sem excepção, são capazes de comer terra e roubar como os bandidos que, numa sociedade estruturada, seriam condenamos à clausura.
É nestas alturas que me apetecia pegar nas bagagens e meter-me a caminho daquele reflexo do Estado de Natureza do Homem. É ali, onde o caos impera, que se devem ver os sentimentos, as vinculações e as relações em estado básico e puro. Era ali, dentro do mundo a sério, que me queria testar, vendo do que era capaz.
É o choque que modifica o ser humano. É por isso que os tecnocratas não querem estar no Haiti, limitando-se a analisar os números da desgraça segundo o PIB e os Euros que a reconstrução custará. É pelo choque que os médicos, os enfermeiros e demais voluntários procuram a aventura de levar o humanamente básico aquele povo.
É nestas alturas que me apetecia pegar nas bagagens e meter-me a caminho daquele reflexo do Estado de Natureza do Homem. É ali, onde o caos impera, que se devem ver os sentimentos, as vinculações e as relações em estado básico e puro. Era ali, dentro do mundo a sério, que me queria testar, vendo do que era capaz.
É o choque que modifica o ser humano. É por isso que os tecnocratas não querem estar no Haiti, limitando-se a analisar os números da desgraça segundo o PIB e os Euros que a reconstrução custará. É pelo choque que os médicos, os enfermeiros e demais voluntários procuram a aventura de levar o humanamente básico aquele povo.
Ajudemos os haitianos com a pequenez de uma chamada.
Ligue 760 20 22 22
Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira
Quero registrar aqui o meu repúdio a ocupação brasileira no Haiti e qualquer outro país que seja. Por que não enviaram antes disso, médicos, professores e outros profissionais que poderiam ajudar a melhorar aquele país? Mas, agora, só os EUA, enviam 7.000 paraquedistas!!! Por que gastarem tanto dinheiro nessa ocupação que dura décadas? Esse dinheiro deveria ter sido usado em favor da população! O que mudou no Haiti durante a permanência dessas missões de paz? Nada. Está aí o resultado, o caos absoulto! A natureza agiu, mas o homem tem boa parcela de culpa no desespero que agora se instala naquele país. Bem, a história é longa, e isso tudo deveria ser visto antes. Desde já, fica registrado a minha revolta. Quero deixar bem claro, que a revolta não se dá com os soldados, mas sim, com as forças maiores. Devemos ajudar, claro, isso não há o que discutir, mas devemos também pensar mais profundamente na questão do Haiti.
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Querido, Luís
Tenho um outro blog intitulado "Sementes", gostaria que você conhecesse, lá explico mais sobre minha opinão sobre o Haiti, deixei lá publicado um artigo que escrevi há algum tempo. Se quiser visitá-lo, fique a vontade:
http://jacque-sementesdofuturo.blogspot.com/
Um abraço!
E lá fala esse coração grande! A vida tem muito que se lhe diga, ou nada :S
ResponderEliminarBeijo Luis*
P.s Liguem mesmo.
Obrigada do fundo do coração! Eu fui buscar forças nem sei onde, mas arranjei-as e sei que uma dessas forças veio daqui deste espaço Suor De Um Rosto.
ResponderEliminarObrigada pelo teu olhar atento e pela tua sempre presente palavra amiga.
Um beijo grande, grande Luis!
Luis,
ResponderEliminarEu gosto de filosofia, mas ontem estava a irritar-me (MESMO) com a situação - deu-me para rir!
E, em relação ao Haiti, é algo que me perturba seriamente. Por isso!, vou transferir 30€ para a conta da AMI. Não é muito, mas sempre é uma ajuda e alivia-me a necessidade de os ajudar (dito assim, parece puro egoísmo).
Beijinho :)
Muito tem se falado sobre esta tragédia. Impressos, TV, internet. Mas logo tudo será esquecido, não passará de uma nota em algum livro, ou mera referência em algum outro lugar. Estamos colhendo os frutos plantados, talvez isso tivesse acontecido de qualquer maneira, em se tratando de um terremoto, mas, e as enchentes, os furacões? Quanto mais assistiremos sem nenhuma atitude tomar? Ficamos aqui, esperando que nossos governantes hajam, sendo que na verdade a ação deve partir de cada um. Economizar papel, separar lixo para reciclar, não desperdiçar água, energia elétrica, petróleo. Ou mudamos agora, ou a natureza nos fará mudar da pior maneira possível.
ResponderEliminarCreio que um terremoto dessa proporção só causou tamanho estrago por tratar-se de um país frágil, pobre. Duvido que seria assim no Japão, por exemplo, rico e adaptado para algo assim. O mundo é desigual demais, e me entristesse pensar que isso pode nunca mudar.
Adorei seu texto, Luís, me fez pensar se em meio a tragédia eu também não cresceria como pessoa, e faria mais.
Abraços.
Sim, também é verdade. às vezes, calor de mais também não sabe nada bem. Mas eu cá prefiro mil vezes ao frio do Inverno! E quando está calor, podemos sempre meter-nos numa praia ou piscina ou sabe-se lá mais o quê.
ResponderEliminarE eu sou como tu. No Verão nunca tenho tempo ou disposição para compras, é mesmo raro. Há que aproveitar os 3 lindos meses de época balnear. (eu que gosto tanto dela...) e como no Inverno há menos programas disponíveis, opta-se então por derreter dinheirinho (eu que sou uma consumidora compulsiva, quase). Enfim...
*
Já liguei :D Nunca é demais contribuir para ajudar pessoas que podíamos ser nós..
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