A Estado-dependência é, provavelmente, o maior problema português. Saúde, Educação, Cultura, Economia, Privado, Público, Público-Privado, Classes Alta, Média ou Baixa, Família heterosexual, poligámica ou diabo a quatro... Todos os sectores económicos e sociais encaram a pessoa chamada Estado segundo uma visão paternalista. Pior, sente-se que, na falta de um tapete, é o Estado que estará lá a acolchoar a queda. Dão-lhe subsídios, atribuem-lhe taxas e isenções e pedem mais. Dão-lhe um ensino gratuito, um sistema de saúde generalista e acham pouco. Pagam estradas, aeroportos e linhas férreas e acham irrisório. Sabe tudo a pouco. Na hora de pagar impostos não se queixam, porque não estão lá. Evadem-se da sua responsabilidade social como se da cruz tivessem medo. A classe média aguenta isto tudo, como se de uma caricatura esticada, quase deformada, se tratasse. Depois queixam-se do deficit e da dívida pública e da morte lenta que o Moddy's decretou. E saem estudos que dizem que somos o 21.º país com maior qualidade vida. Engraçado que é o mesmo país com 475€ de salário mínimo, uma dívida externa vergonhosa, tomado de corrupção e de Estado-polícia, 10% de desempregados, 2 milhões de pobres e um role imenso de problemas de país na cauda da Europa.
Se me perguntarem o grande problema do se ser português, responderei, sem hesitar, que é Gastar tudo o que tem. Há falta de disciplina económica em Portugal. Não percebemos as nossas limitações e tomamo-nos pelo novo-riquismo de pseudo-país europeísta.
Não, não somos pobrezinhos, como muitos pintam e querem mostrar. Temos democracia, crescemos mais nos 90 do que qualquer país dito desenvolvido, não temos bigode e já estamos mais chegados a Berlim, Paris e Londres. O problema é, como assistia no Prós&Contras, como o de uma criança que cresce corporalmente muito rápido e a cabeça não acompanha. O problema é tomar o Estado como um ente externo a nós, fora do nosso contexto, onde o roubo e o incumprimento do pagamento de imposto são motivos de gabarito no café e na televisão.
Se me perguntarem o grande problema do se ser português, responderei, sem hesitar, que é Gastar tudo o que tem. Há falta de disciplina económica em Portugal. Não percebemos as nossas limitações e tomamo-nos pelo novo-riquismo de pseudo-país europeísta.
Não, não somos pobrezinhos, como muitos pintam e querem mostrar. Temos democracia, crescemos mais nos 90 do que qualquer país dito desenvolvido, não temos bigode e já estamos mais chegados a Berlim, Paris e Londres. O problema é, como assistia no Prós&Contras, como o de uma criança que cresce corporalmente muito rápido e a cabeça não acompanha. O problema é tomar o Estado como um ente externo a nós, fora do nosso contexto, onde o roubo e o incumprimento do pagamento de imposto são motivos de gabarito no café e na televisão.
Definitivamente ver programas da tarde na televisão não me faz bem. Crescem-me uns nervos de baixo para cima que me perturbam profundamente.
Luís Gonçalves Ferreira
Luís, em alguns momentos pensei que estava falando do meu Brasil! rs.
ResponderEliminarAbraços, meu caro!
A verdade é que, ele é um grande escritor. Como pessoa, já não o aprecio muito. Já a sua mãe, sophia de mello breyner é uma excelência!
ResponderEliminarQuanto a este post, lembro-me que luís XVI disse que L'etat c'est moi e no final, foi condenado pelo povo françês e morto. Eu não tenho grande orgulho em ser portuguesa, mas ainda assim, acho que a nossa cultura é respeitável. Ouço todos dizerem que a culpa é do estado, que o estado "chupa" o dinheiro dos nosso bolsos. É pena eu achar que direito não tem saída nenhuma em lado nenhum, senão, era para lá que caminhava... sempre adorei isso. Política, já nem tanto! Mas ainda assim, sempre fui muito justa... e acho mesmo que a culpa é um pouco de todos e concordo absolutamente quando dizes que gastamos tudo o que temos (e o que não temos). E é por isso que o dia dos namorados, o Carnaval, o natal... são todos meios de gastar dinheiro desnecessário! Infelizmente, eu não perco tempo com a economia do país e preocupo-me com a minha, que é muito mais valiosa!
Já agora, acho que a minha próxima requisição literária será o Caím, de José Saramago. (ainda não tive tempo de o ler e logo eu que não acredito em Deus! é o livro indicado...)
Um beijo Luís!
Agora é que disses-te tudo... Como eu costumo dizer, o povinho sofre da sindrome do governo...
ResponderEliminar-Chove? A culpa é do governo...
-Estao desempregados? A culpa é do governo...
E a verdade (desculpando o termo) quem mais se queixa disto tudo é quem mais mama enquanto outros trabalham para manter quem nao quer fazer nenhum. Este país nao vai longe disso tenho a certeza.
É só gente a cuspir para o ar, e com o rabo demasiado pesado para se levantarem da cama para trabalharem...
E o pior, é que isto ja acontece à uns bons aninhos. Se agora isto muda, cheira-me que a criminalidade vai aumentar drasticamente. Porque a gente que passou a vida sem fazer nenhum, sem habitos de trabalho, com dinheiro a chover e de um momento para o outro lhes vao dizer "Acabou... Toca a ir trabalhar", nao sei nao...
Beijinhos*
Angel - O Brasil e Portugal partilham uma História imensa, cheia de riquezas mas de infortúnios. Contudo, os problemas de Portugal, essencialmente quanto à corrupção, não são tão gritantes como no Brasil, segundo sei. Por seu turno, o Brasil possui elevadas riquezas que lhe permitirão, com boas políticas, descolar do vício de desigualdades, corrupção e violência em que se encontra. É pelo menos esta a percepção que tenho do Brasil, perdoe-me se estou errado. Mas uma coisa tenha a certeza: Brasil e Portugal têm mais afinidades do que aquelas que nós vemos e apreciamos.
ResponderEliminarLana Caprina - Bem, o Direito tem muito emprego. Eu acredito que sim e é verdade. As pessoas não sabem porque pensam que um curso de Direito forma unicamente advogados. Um licenciado em Direito é jurista, automaticamente está apto a trabalhar em imensos locais. E digo-lhe, é difícil ir para Direito e não gostar de Política, porque leva-se com ela por todos os lados. Têm fronteiras muito ténues. E acho que TODOS se deveriam preocupar com estado geral do país, só assim estamos aptos a criticar. É como ir votar.
Usei a expressão de Louis XIV não no seu sentido original. Ele utilizou-a no sentido de ser ele o centro da Administração do Estado. Eu usa-a, neste post, no sentido de o Estado serem as pessoas. Eu, tu e todos. Tem que existir autoresponsabilidade e cidadania. Coisas que os português não percebem o significado.
Beijo :D
Coelha - Ora nem mais! Eu não quis dizer isso tão nítido no post para não chocar ninguém, mas o português tem uma preguiça e uma alergia ao trabalho crónica. E a culpa dos fracassos da vida privada é do Estado. Mas quando corre bem não querem que o Estado cobre impostos. É hipocrisia. Pura e dura. E a classe média aguenta. Ainda noutro dia ouvi uma entrevista em que diziam a uma senhora que a Câmara daria 1000€ a cada mãe por um bebé. Resposta da mulher: Acho pouco. Hoje, na TV, um homem recebia 290€ de bolsa para estudar e o que diziam: É pouco. Ora fosga-se para isto, era o que me apetecia dizer. :) Beijoca.
Digo-te Luís. O problema não está no estado. Sim, nas pessoas que o fazem. Eu sei que Advocacia não é só ser advogado; eu não sou estúpida, já li o código penal. ;D Também eu já quis ser advogada. Felizmente, apercebi-me de que, um dia, iria ser corrompida pelos meus ideais. E digas tu que és diferente, porque todos pensam que são diferentes. A verdade é que direito não tem saída. Acabas por aí, em casos de meia leca e isso para mim, não é defender. Sempre vi esse cargo como algo de digno. Torná-lo algo assim, tão intragável, não é para mim. Aprecio quem chega a Juiz em portugal, certamente devem ser poucos. Pena que, todos pensam de modo diferente antes de chegarem lá. O importante mesmo é lá chegar e ficar 2 ou 3 anos, depois, a reforma faz o resto ;)
ResponderEliminarNada contra ti, Luís... parece-me que tens uma mete brilhante. Eu é que não vivo a minha vida de acordo com ideais da sociedade... eu não preciso de ter um bom trabalho para ser igual a quem trabalha no governo. Tenho pena que a sociedade se consiga gerar por aparências e não interiores. Porque realmente o que tu levas desta vida é mesmo o dinheiro, não? (ironicamente).
Quanto à música, pois, eu sei que o festival da canção é medonho. Nos últimos anos as representantes foram mesmo ATERRADORAS: Luciana Abreu, Sabrina, Nonstop... não tenho culpa disso. Eu adoro mariza, e ela até foi reconhecida internacionalmente... já a Ana Moura, outro caso. Nós temos bons cantores... o problema está na produção musical. Os nossos produtores são uma P-O-R-C-A-R-I-A!
Ui, pareço uma frustrada a falar... não leves a mal Luís, mas eu acho mesmo que tu gostas de falar sobre estas coisas. A tua escrita transmite-me isso :)
Um beijo grande.
É verdade, Luís, já escrevi várias vezes sobre isso. Demitimo-nos permanentemente da nossa responsabilidade social, política e económica. O Governo é que tem de fazer, de dar, de pagar. A questão é que o Estado não é o Governo, não é a AR, o Estado somos nós, como sociedade e enquanto indivíduos. Mas sou céptica, não acredito que isso mude. Está-nos na massa do sangue o hábito de sacudir a água do capote e viver à sombra das árvores dos outros.
ResponderEliminarLana Caprina - Primeiro, eu falei que quem cursa DIREITO não é ser-se advogado (uma analagia muito comum). Eu não tiro um curso de advocacia, mas sim de Direito.
ResponderEliminarDepois, não podes achar-te sabedora de Direito quando SÓ leste o Código Penal. Há muito na ciência do Direito para além da codificação, aliás o Direito não é lei nem a lei é Justiça. São coisas diferentes. Muito distintas. Até porque a Coação (que é o que trata o Código Penal) não faz parte do Ser do Direito, mas sim do Dever Ser (segundo os Romanos). Pena que abunda na cabeça que os advogados que se formam são uma cambada de incompetentes, corruptos e mentirosos. Em todas as fruteiras existem maçãs podres e viçosas. Se queres que te seja sincero, eu sou uma das viçosas. Sou raro e sei disso. Basta-me olhar para os meus colegas e só vejo fruta podre: gente sem ideais, nem princípios nem nada de novo para dar à VOCAÇÃO. Sim, porque Jurista não deveria ser percebido como a profissão do dinheiro fácil. E mais, quem chega a juiz tem que ser tão jurista como um advogado, depois é graduado, como o advogado é. Embora que seja mais complexo, porque só se formam 100 magistrados por ano, depois de testes imensos psicológicos e técnicos.
E sim, gosto de debates. É por isso que me preocupei-me em clarificar o que é o Direito na tua cabeça. Tens muito pré-conceitos na tua cabeça e eu gosto de tentar, pela experiência, dizer-te que isso não é verdade.
Quanto ao emprego, eu (ainda) não me sinto assustado. Sei que tenho qualidade e que hei-de ser bom. Ou como advogado, juiz ou jurista puro e simples. Não me amedronta o futuro, porque sei do sou feito no presente e do que fui no passado.
Sim, os produtores são medíocres porque: 1) Não há dinheiro para fazer melhor música; 2) São mal formados; 3) E o mercado está inundado de música pimba; 4) Não se vendem discos.
Um beijo.
Mãe preocupada - Eu, por acaso (mas sem acaso), ia referir a questão história. Nós vivemos com um Estado gigante desde os nossos primórdios. A experimentação do parlamentarismo foi incipiente e tivemos uma República fundada num acto de terrorismo. Já D. João V, em particular, e toda a dinastia bragantina tinham esse vício de ostentar mais do que tinham e não aproveitar os recursos.
Obrigado pela visita. :)
Como é isto? Chego aqui e nao há nada de novo para se ler? Estas a falhar... Ah pois estás lol :P
ResponderEliminarQuero uma boa explicação para isto!
P.S: Mas ao menos obtive resposta ao meu comentario, que coisa chique ihihih xD
Beijinhos*
Caro Luís, peço desculpa se te transmiti a ideia de que era sabedora de direito. Não o sou e muito pelo contrário, nem o quero ser. Espero mesmo que te tornas um grande jurista, pois não é qualquer um que o consegue. Na verdade, eu tenho uma grande amiga minha que pensa em estudar direito e, sendo ela a pessoa mais inteligente que conheço, reconhece que essa oferta em Portugal é pouca. Ainda assim, aquilo que eu penso sobre direito mantêm-se, mas tenho torço por ti :)
ResponderEliminarContudo, eu não gosto muito de burocracias e política e viro-me para outras belezas naturais deste mundo. Mais uma vez, desculpa se te fiz parecer algo que não o é na verdade.
Um beijo, Luís.