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Por falar em máscaras (e em mim)

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não. 
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não

Porque os outros se calam mas tu não
Sophia de Mello Breyner Anderson

Um imenso obrigado à Marta Rola, do blogue "Artista de Circo", por esta magnífica sugestão, feita no texto Loucura.
Com um beijo especial para ela,
Luís Gonçalves Ferreira

Comentários

  1. Adoro poder contribuir de forma positiva!
    "Sempre às ordens!"

    Um beijo Luis :D

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  2. Tens uma corrente a seguir, que passa pelo meu blog e passará pelo teu Luis (:

    Um beijo da Francisca.

    ResponderEliminar
  3. "Porque os outros se calam mas tu não" , adorei!
    E gostei imenso da música dos Imogen Heap.

    ResponderEliminar
  4. Muito bonito :)
    Está diferente aqui o espaço... Bom gosto xD
    Beijinhos*

    ResponderEliminar
  5. Hey, desculpa não ter respondido ao teu último comment sobre o meu post, mas o exame de genética tem andado a atormentar-me nos últimos tempos, de maneira que o meu tempo para o blog tem sido reduzido. De qualquer forma, obrigado pelo comentário, responderei mal consiga um segundo de paz para respirar :)

    Beijinho*

    P.s. Adoro os poemas da Sophia de Mello Breyner Anderson, especialmente todos aqueles relacionados com o mar :)

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  6. Que texto lindo! Realmente muito bonito. Diz tantas coisas a respeito do que somos. Excelente!

    Um beijoo enormeeee!

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  7. Assim: SEM PALAVRAS... e faltam tantos assim, Luis, tantos...

    AMEI

    O teu abraço

    ResponderEliminar

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Tenho saudades de ser pequeno, livre e inocente. Sinto falta da irresponsabilidade de ser cândido e não saber nada sobre nada. Estou nostálgico em relação ao Luís que já existiu, foi, mas que não voltará a ver-se como se viu. Este corpo e alma que agora me compõem são reflexos profundos da minha história. O jeito de sorrir, abraçar e beijar reflectem os sorrisos, abraços e beijos que fui recebendo. Sinto falta do Luís que só sabia dizer mamã e Deus da má'jude . Sinto a ausência das pessoas que partiram e que naquele tempo estavam presentes. Sinto saudade de só gostar da mãe e de mais ninguém. Sinto saudades de sentir mais do que pensar. É um anseio que bate, mas nada resolve, porque apenas cansa a alma. A ausência corrói a alma e o espírito. É nestas alturas que penso que a Saudade e o fado são as maiores dores de alma que consigo ter. Provavelmente, sou mesmo um epicurista. Luís Gonçalves Ferreira

Sem parágrafos

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