Só se fala de amor. Ama-se de mais. Ou melhor, ama-se pela boca em excesso. Só falam de amor. Uma roda na blogosfera e é só amor. Amor e mais amor. Não se vê mais nada? Nenhum outro sentimento? Bem eu disse que há milhões de vidas mortas. Perdem-se a falar. É por isto que cada vez mais desconfio dele. Do de amante, que é do que se fala mais. Estou enjoado. Muito nauseado. Ou é do excesso ou é por defeito. Vou tentar descobrir. Até lá, vomito amor pelo que leio. Depois ainda me chamam reaccionário. Como alguém pode passar por isto e não se queixar? Tanta coisa para pensar e só se fala de amor. O país está de tanga, a crise é real, há fome, pobreza, riqueza excessiva, cangaceiros que sobrem, jornais aos montes (que ninguém lê, desconfio), milhões de páginas de internet, e só se fala de amor. Amor ora está frito, ou cozido ou grelhado ou guisado. Mas é sempre amor de amante. Fatal. Pobre de sorriso. Sofrido. Está por todo o lado. Ainda dizem que as pessoas não sentem. Sentem. E de mais.
O mais engraçado: Os meus últimos dois textos são sobre amor. Estarei contaminado?
Luís Gonçalves Ferreira
Homem cada um escreve sobre o que quer, e quem não quiser ler sobre o amor fecha a janela. E sim, há textos que fartam muito, e tu sabes que eu nem costumo escrever sobre amor bonito-e-cor-de-rosa, nem sobre porra-estou-mesmo-triste-por-amor, mas compreendo que doa, e acredito que custe, e acredito que ao escrevermos a dor desaparece um bocadinho, só um bocadinho.
ResponderEliminarE só por causa disto, hoje vou-te escrever uma carta de amor e vou-ta ler antes de adormeceres no sofá, todo babado. És um badalhoco mas eu gosto muito de ti.
Tu gostas de mim quando eu sou uma besta autêntica, confessa!
ResponderEliminarTanto se fala (e sim eu falo porque me faz bem faze-lo, e aí está a raiz de tudo) mas também tanto se omite e se guarda bem trancado. E isso sim é preocupante Luis. Não o que sai em demasia.
ResponderEliminarE fala também o quanto te aptecer o quanto sentires. Porque como custumam dizer "um dia pode ser tarde".
Um grande beijo.
Obrigada Luis por não deixares "isto" cair em esquecimento.
ResponderEliminarPor vezes nem damos conta de que parar e olhar a nossa volta é o mais importante!
Porta-te bem (:
Adorei este teu texto!!! E sim, isto contamina. É mesmo uma pandemia. Beijinho
ResponderEliminarOlá Luís.
ResponderEliminarAcho que a culpa talvez possa ser da Primavera que acaba de chegar. Embora no Inverno, talvez pelo romantismo das luzes, o fumo que sai dentro dos corpos por causa da diferença de temperatura, e a necessidade de se aquecerem, também encontres muito amor por todo o lado. Podemos alegar, no entanto, que também no Verão, por ser tempo de loucura e de alegria a uma escala enorme, e por causa do calor, e da praia, e das hormonas aos saltos, tudo aquilo em que se pensa é o amor.
Cá para mim, acho que quanto mais nos "distanciarmos" do amor, mais o conseguimos viver quando ele vem, de facto, ter connosco. Como alguém que se pinta todos os dias, e alguém que se pinta só em dias de festa. Só faz diferença se sair do normal. E por isso não falemos tanto de amor, e amemos melhor.
(desculpa o meu comentário confuso)
Ana Paixão - Eu amo a tua cadelice. :) Beijo
ResponderEliminarPés de Bailarina - Fala-se muito de amor, mas duvido que se fale verdadeiramente do que importa. Hoje fabricam-se elogios e coisas na cabeça das pessoas. Ninguém se ama a si mesmo, mas ousa tentar amar os outros. Há qualquer coisa que não bate certo no meio disto tudo. Mas é bom reflectir sobre. É um avanço. Beijinho
Francisca - Precisamente, Francisca. Fala-se muito de amor, mas sente-se pouco, parece-me. E depois acrescenta-se aquilo já disse aqui em cima: Fala-se muito, sente-se pouco e não se sabe muito bem o que é amor, porque não existe amor-próprio. Acho que o amor verdadeiro é o colectivo, aquele que te permite amar com o coração mesmo as pessoas que não conheces. É um amor feito de gestos sinceros de altruísmo. Só se centram no de amante e perdem-se. Hoje apeteceu-me tentar alertar a blogosfera. Beijo!
DiCarneiro - Daqui a nada isto é uma espécie de pessoas no país virtual das maravilhas, tamanha é a diferença entre o amor vivido e aquilo que se escreve. Beijinho :)
Só se fala de amor porque o amor banalizou-se!
ResponderEliminarJa nao é o que era... O amor, era aquela coisa que se sonhava em se encontrar uma vez na vida.
Agora diz-se um Amo-te de uma forma arrepiante e banal que deita a importancia deste sentimento abaixo aos olhos do mundo, a cada dia que passa.
Beijinhoos*
Realmente existem varias outras coisas a falar a pensar e até a amar, não se deve amar puramente o amor, mas talvez esse sentimento confuso onde não se descreve tenha em sua essência um vírus contagioso que nós deixa a falar, a pensar, e a escrever apenas sobre amor....
ResponderEliminarmas talvez quem ame de verdade saiba falar do que acontece no mundo e pode se preocupar com os problemas reais...
... talvez...
ResponderEliminarMas gostei do teu texto!
Sabes o que te digo? Ainda bem que ainda se fala de amor. Seja ou não verdadeiramente sentido, seja idealizado ou concretizado, seja sofrido ou apaixonado, fale-se de amor.
ResponderEliminarA ver se eu compreendo o que isso é... ;)
Não faz parte um bocado da raça humana?
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