Há gente que se esconde: Uns fecham-se em casa. Outros inventam vidas na escrita. Uns terceiros existem que se fingem por sentimentos, como se os outros fossem cegos e não sentissem também. Tudo gente decente, à partida. Quando mais não seja pela capacidade de se ocultarem primeiramente perante si, depois sobre os outros, por inerência própria da mentira a que se sujeitam indignamente. Necessidade de sobrevivência, provavelmente. Não os censuro, porque defendo a auto-defesa, primariamente, para nosso proveito. A estabilidade, por mínima que seja, faz-nos falta, pois vivemos em constante possibilidade de penetração externa.
Existe, contudo, aí uma raça de gente que não consigo perceber. Ocultam-se. Escondem-se. Tudo como os outros fazem. O seu principal constrangimento reside no valor e coesão das suas opiniões públicas. Emitem, à boca cheia, mas sem rosto, pontos de vista, muitos deles difamatórios, mas protegidos pela capa do anonimato. Lógico que estamos numa sociedade que (ainda) respeita a liberdade de opinião. Contudo, existe um corolário que aponta o terminus da liberdade de um sujeito no preciso início da esfera privada do outro. Ora, actuar sem nome, rosto ou outra réstia de identidade é agir segundo a má fé e o desrespeito pelo querer do outro em saber, pelo menos, quem o ofende ou acusa. Esquecem-se, esses senhores doutores das letras mortas, que todo este amontoado de esterco que se vai lendo escrito por anónimos é como palha que o burro come, mastiga (com cuidado para não comer espinhas) para depois expelir com repulsa de quem está sem paciência para trincar pedras. É assim que os gigantes esmagam os pequenos: Ignorando-os.
É por isto que vos digo, fiéis leitores e gentes que por aqui passam, para ignorarem os fracos, como o elefante que ignora as moscas que estão sobre ele, dia após dia. Apesar disto, ser simples não é ser-se simplório, por isso o ónus de marcar posição reside sobre o Alfa. O Elefante faz ver às moscas que é grande, porque as sacode com força de gigante, quando a paciência de não ter mais nada para fazer o permite. É precisamente isso que estou aqui a fazer hoje: Sacudir.
Luís Gonçalves Ferreira
Eu adoro esse teu ódio pelo anonimato.
ResponderEliminarSacode também tu essa gente que te atrapalha e complica com o tico e o teco!
Beijinhos na cutícula do polegar do pé esquerdo!
quanto ao anonimato, desde que não seja usado para maus fins, eu sou a favor. aliás, o meu próprio blogue é anónimo. quanto aos fracos, mais que os ignorar, acho que primeiro devemos tentar ajudá-los.
ResponderEliminarbeijinhos :3
Catarina - Como sabes não os consigo perceber. Beijo no fio espigado de cabelo cor-de-ameixa.
ResponderEliminarZir - Anónimos sem qualquer nome. Anónimos mesmo, sem referência. Esses sim são fracos e não creio precisarem de ajudar, até porque não tens como os reconhecer nem procurar. É como uma chamada anónima num telemóvel: Não podes devolver o chamamento. Que actua assim não quer ajuda, mas apenas arreliar. São fracos e pobres. Mas de espírito.
Eu tenho de ti um historial - o blogue -, uma referência nominalista - "zir" - e um sítio para me encontrar contigo. Isso basta-me para ter um diálogo virtual contigo. Pelo menos sei onde te posso encontrar.
Beijoooo :)
A fala a fúria de um justo. Gostei muito do modus vibrantis do post. :D Mas fico a pensar: quem, por que motivo, escreveria anonimanete supostamente algo que nao gostes???
ResponderEliminarMas siom, estou de acordo contigo que sem uma réstea que seja do autor, ainda mais inviável se torna.
Abraço e... continua a sacudir as moscas :)
Eis ai uma das ferramentas dadas pela internet, o anonimato. Qualquer um pode falar o que quer, ir onde quiser, e não deixar seu nome (o que não quer dizer que não possa ser descoberto, em casos mais graves). A melhor das máscaras é a tela do computador. Isso é ruim? Nem sempre, no meu blog mesmo eu criei uma personagem, nasceu por acaso e eu quis mantê-lo, acho até que virou uma particularidade do blog. Mas há quem use o anonimato para agredir, insultar, e isso para mim pode ter alguns nomes: inveja, raiva, e o mais comum, covardia.
ResponderEliminarSeu texto foi incrível, Luís! Eu percebo o quanto isso te incomodou e, acredite, quando falta com o respeito também me incomoda demais. Nesses casos? Ignore, como você mesmo disse.
Abraços, Portugal! :)
Luis, querido Luis. Continuoo sem net, o raio do homem não vai la a casa arranjar o telefone e sem telefone não posso aceder a internet. Enfim, sinto umas saudades de escrever a hora que bem me aptece, quando me da um vazio e só este lugar me enche o coração. Mas o homem ade chegar ihih :)
ResponderEliminarCom isto quero dizer-te que sempre que venho aqui ao café da minha escola que continuo a ler atentamente.
Força e da luz a tua vida, toda a luz que tens coloca-a em ti e em todos que a merecem.
Beijinho
Absolutamente de acordo.
ResponderEliminarNão gosto do anonimato, ponto.
Sou até mais radical do que tu, neste aspecto, não percebo por que não hão-de as pessoas dar-se a conhecer tal qual são, sem medos.
Mas também sei que arrisco muito, sobretudo na minha profissão e outras bem mais frágeis haverá.
Não importa. Gosto de nomes que correspondem a caras.
Beijo!!!