Avançar para o conteúdo principal

Farta fartura

Tenho saudades de adormecer sem fechar os olhos. Tenho saudades de sonhar acordado. Tenho saudades tuas... Saudades que são gente. E carne. E corpo. Fado duro, este. Árdua sina. Macaco destino que se cruzou por dentro de nós. Espanto firme este que me meteu inteiro dentro de ti e de mim. Triste destino. Farta fartura de coisa nenhuma. Ai!, futuro cinzento e falta madura. Parece eterna! Fazes-me falta. Não a da pedrosa inês, mas a minha: Singela e pura, feita de ti.

Luís Gonçalves Ferreira

Comentários

  1. Olá Luis !

    A saudade é daqueles sentimentos únicos e saudáveis . Pois tanto pode haver a saudade boa como a má , mas diga-se que ambas são essenciais para a nossa existencia . Gostei muito das tuas palavras .

    Beijinho

    ResponderEliminar
  2. Nada permanece igual, o tempo e as próprias pessoas mudam tudo. E aí vem a cruel mas deliciosa saudade.

    Um beijo Luis (:

    ResponderEliminar
  3. Saudade é saudável quando sabemos que a poderemos matar, eu acho. Em frente, Luís :)
    Beijinhos!

    ResponderEliminar
  4. Acho que sei melhor que ninguém neste momento o que isso é. Não só pela saudade dos polacos, como deves estar a imaginar, mas por outros assuntos mais pessoais. Aguenta-te, que eu faço o mesmo. Força, Luís.

    Beijinhos!

    ResponderEliminar
  5. Obrigada pelo teu comentário e devo dizer-te que estou de acordo com o que disseste. Gostava que não fosse um teatro, não quero decorar as falas de outra pessoa. Infelizemente, os melhores actores são aqueles que dão a vida pela sua personagem... talvez eu seja uma dessas :)
    e eu também gosto do teu blog!
    beijinho*

    ResponderEliminar
  6. É um bom topico, dizer da "falta feita de ti".

    (Guess i liked the other layout better) :(

    ResponderEliminar
  7. Bonito texto! Avaliamos constantemente quem somos e talvez quem sejam os outros que nos rodeiam, quem gostariamos que fossem, como gostariamos que fossem...será que exigimos demais dos outros?!

    Cumprimentos.

    ResponderEliminar
  8. "Eu amo tudo o que foi,
    Tudo o que já não é,
    A dor que já me não dói,
    A antiga e errônea fé,
    O ontem que dor deixou,
    O que deixou alegria
    Só porque foi, e voou
    E hoje é já outro dia." Fernando Pessoa ;)

    ResponderEliminar
  9. "Eu amo tudo o que foi,
    Tudo o que já não é,
    A dor que já me não dói,
    A antiga e errônea fé,
    O ontem que dor deixou,
    O que deixou alegria
    Só porque foi, e voou
    E hoje é já outro dia." Fernando Pessoa ;)

    ResponderEliminar
  10. Sabes uma coisa? Este post deve ter sido o que mais teu eu já li, acho eu.

    ResponderEliminar
  11. Farta fartura de coisa nenhuma?
    Que nada... farta fartura de beleza e amor nessas tuas linhas.
    Passando para dizer que não esqueço de ti, e para dizer que esta música ao piano está perfeita!

    Beijo, querido amigo!!!

    ResponderEliminar
  12. Oh que saudades eu tenho de certos momentos da minha vida....
    :(
    Beijinho*

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Vá comenta! Sem medo. Sem receio. Com pré-conceitos, sal e pimenta!

Mensagens populares deste blogue

Pensar mais do que sentir

Tenho saudades de ser pequeno, livre e inocente. Sinto falta da irresponsabilidade de ser cândido e não saber nada sobre nada. Estou nostálgico em relação ao Luís que já existiu, foi, mas que não voltará a ver-se como se viu. Este corpo e alma que agora me compõem são reflexos profundos da minha história. O jeito de sorrir, abraçar e beijar reflectem os sorrisos, abraços e beijos que fui recebendo. Sinto falta do Luís que só sabia dizer mamã e Deus da má'jude . Sinto a ausência das pessoas que partiram e que naquele tempo estavam presentes. Sinto saudade de só gostar da mãe e de mais ninguém. Sinto saudades de sentir mais do que pensar. É um anseio que bate, mas nada resolve, porque apenas cansa a alma. A ausência corrói a alma e o espírito. É nestas alturas que penso que a Saudade e o fado são as maiores dores de alma que consigo ter. Provavelmente, sou mesmo um epicurista. Luís Gonçalves Ferreira

Sem parágrafos

Por momentos  - loucos, é certo - esqueço-me de mim e sou capaz de amar. Amar sem parar, com direito às anulações, sofrimentos e despersonalizações que os amores parecem ter. Por momentos - curtos e fugazes - eu esqueço-me de mim e sou, inteiramente, completamente, antagonicamente teu. Entrego-me, como quem não espera um amor livre. Dou-me como quem sente que as minhas vísceras são as tuas entranhas. Abraço-te como quem encosta os corações, que outrora estavam frios, gelados e nus. Aproveita, meu amor, eu sou teu. Aproveita que estou louco e leva-me contigo, para sempre. Rapta-me o corpo, a mente e o descanso eterno deste insano coração. Corres, contudo, o sério risco de não me levares por inteiro. Prefiro trair o coração que a mente, amar a imagem do que viver intensamente a vida de outrem. Amor, querido e visceral amor, leva-me e mostra-me que existes. Não sei quantas horas tenho para cumprir esta promessa que fiz a mim mesmo. A memória irá voltar e corres risco de já não me acha...