Avançar para o conteúdo principal

Hoje, digo-vos isto:

Já odiei nabiças. Agora, tolero-as.
Detesto nabos, como sempre detestei. 
Já gostei de lampreia. Agora, odeio a bicha e tudo o que a leve.
Já idolatrei Arroz de Cabidela. Agora, nem o posso ver. 
Amei Coca-Cola. Continuo a amar.
Já fui mais dependente da minha mãe. Cresci. Mas continuo a amá-la intensamente.
Houve uma altura que tinha imenso medo do escuro. Agora preciso dele para estar comigo mesmo.
Dantes não adormecia sem televisão. Agora sobrevivo perfeitamente sem ela.
Tenho perdido cultura geral. Não gosto disso, mas já nem sei controlar a ausência de conteúdos importantes, datas e algumas cronologias. 
Sei perfeitamente que a Wikipedia não vale nada. Houve tempos que não ia a outro lado. 
Conclusão: Eu mudei. 
A mudança é um capricho impressionante do tempo. É feita de rugas, as da pele e não só.
Hoje estou cansado. Como nunca estive. 
Basicamente, era isto que hoje me apetecia dizer. 

Luís Gonçalves Ferreira

____________________________
Este blogue está a concurso, na categoria Pessoal, nos Super Blog Awars 2009/2010. Vota aqui.

Comentários

  1. Disseste tu muito aqui neste textinho.

    (pois, é exactamente essa a minha opinião, não achei que a história prendesse ao ecrã, mas a qualidade técnica (?) está optima).

    Beijinhos *

    ResponderEliminar
  2. eu cá continuo a ter um medo enorme do escuro..:s
    É que há coisas que não mudam!

    Mas mudar é muito bom...:)
    e a imagem de cima ficou muito gira...:D

    Beijinho

    ResponderEliminar
  3. "Todo o mundo é composto de mudança", já Luis de Camões cantava a peito cheio todas essas verdades inexoráveis ao tempo.
    A mudança é boa: é sinal de maturidade, de aventura!

    Um beijo

    ResponderEliminar
  4. Acrescentaria: continuas a ter o dom da verdade em cada palavra (:
    Andei sem net uma semana, estou de volta (:

    Um beijinho bem grande**

    ResponderEliminar
  5. Observação primeira: se o logotipo era bom, este ém quase melhor. Muito bom e muito bonito.

    Observação segunda: este pequeno texto de ti parecia um desafio auto-respondido sem as perguntas implícitas. Gostei de saber muitas coisas que deixaste de saber ou de gostar, e sobretudo isto: que isto era o que tinhas para escrever hoje. E olha que nao foi pouco. Falar de nós requer distanciamento, conhecimento e capacidade de mudança.

    Um abraço sempre grande

    ResponderEliminar
  6. Adoro a esquizofrenia do ser humano.
    Os muitos seres que nos compõem.
    E o nosso ar abismado ao verificar que somos muitos, em um.
    Estar cansado é sinal de vida e estar vivo é bom.
    Gosto de saber de ti. Beijo!! ;)

    ResponderEliminar
  7. E foi muito bem escrito como sempre :D
    É verdade, estamos numa constante mudança... Mas isso nao é mau de todo nao é verdade? Oura bem... Depende... Depende...
    :)
    Beijinhos*

    ResponderEliminar
  8. Olá meu querido português!

    Muita, muita, muita saudade de você!!!

    É...a mesmice nos cansa, por isso as mudanças serão sempre como um "nascer de novo" na vida!
    Elas nos trazem um novo ânimo, um novo respirar e acabam por vezes modificando nossa forma de pensar sobre pessoas ou situações que vivenciamos no dia a dia.
    Quando percebo que estou em um novo processo de mudança, fico eufórica, sempre penso comigo...vem novidades aí...e não é que sempre vem?


    Beijo meu amigo, estou quase voltando...
    Na verdade passei aqui para matar a saudade e votar no teu blog!
    Fique bem e bons estudos.

    ResponderEliminar
  9. Soube-me muito muito bem ler este pedaçinho*

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Vá comenta! Sem medo. Sem receio. Com pré-conceitos, sal e pimenta!

Mensagens populares deste blogue

Repondo a verdade

Depois de inúmeras tentativas (que agradeço), passo a devolver o dente ao leão, a identificar aquilo que é verdade ou mentira: 1. Adoro manteiga de amendoim Verdade. Quem convive comigo (ou quem me ouve falar) sabe desta paixão. Em pequeno ia para a casa da minha tia e comia pacotes dela. Hoje, depois do sofrimento para emagrecer, contenho-me no consumo. Mas a paixão existe, ai se existe... 2. Compro todas as edições da “Super Interessante” Verdade. Compro-as todas (pelo menos de há dois anos para cá) sem falhar um número. Fascina-me a forma despreocupada, límpida e inteligente que pautam os artigos da revista. 3. Já apareci no programa da Fátima Lopes vestido de anjinho Verdade. A minha mãe foi ao programa SIC 10 Horas demonstrar ao país o seu ofício (vestir anjinhos) e eu, filho devoto e cumpridor, pousei como Jesus Cristo (com cabeleira e tudo). Vergonha. Foi o que me restou do acontecimento. :) 4. Leio a Bíblia constantemente e o meu Evangelho favorito é o de Mateus ...

Aceitação do Prémio Lusitania História – História de Portugal Academia Portuguesa da História

Senhora Presidente da Academia Portuguesa da História, Professora Doutora Manuela Mendonça,  Senhores Membros do Conselho Académico, Senhoras e Senhores Académicos,  Senhor Dr. António Carlos Carvalho, representante da Lusitania Seguros, S.A., Ilustres Doadores,  Senhoras e Senhores,  Vestidos de Caridade, Vestidos de Fé, Vestidos de Serviço, Vestidos de Pátria.  São vários os nomes que podem ter os vestidos que, ao longo da História, foram oferecidos de ricos para os pobres, dos homens e mulheres para os deuses, dos senhores para os seus criados e criadas, de um país ou reino para o seu povo, do ser que não se é para o que se quer ser. Em todos eles há pedido, necessidade, dádiva, hierarquia e crepúsculo. A minha avó Júlia, costureira de ofício e filha de um armador de caixões, fez durante décadas roupas de “anjinho” que alugava nas festas e romarias do Minho. Miguel Torga, num de “Os Contos da Montanha”, referiu que nem o Coelho nem outro qualquer da aldeia o ...

Carta IV

Avó, como estás? Noutro dia, como sempre, fui ver-te ao local onde está a tua fotografia e umas frases iguais a tantas outras. Eram vermelhas, as tuas flores. Estava tudo bonito e arrumado. A tua nova casa, como sempre, estava tão fria. O dia está sempre frio quando te vou visitar lá, já reparaste? Espero que no céu seja tudo mais ameno e menos chuvoso. Tu merecias viver mais tempo, porque eras calma, serena e um porto seguro. Queria voltar a ser menino e ter-te novamente e dar-te tudo o que merecias de mim. Era muito pequeno para perceber como merecias mais carinho... Tenho saudades tuas, avó. Do teu colo. Do teu carinho. Da tua protecção e de quando ias comigo passear, à terça-feira. Fomos dois companheiros muito fortes, não fomos? Deixaste-me de responder... Não te oiço. Mas sinto-te. Sinto muito a tua falta, onde quer que estejas.  Tenho muitas saudades tuas. Muitas mesmo.  Até logo, nos sonhos, avó. É só lá que me consigo encontrar contigo e abraçar-te docemente. Luís...