Falei-vos, já, dos moldes: Os espartilhos, os corpetes e crinolinas. Cansa-me seriamente esta meia-existência, tacanha e pobre, amarrada a eles. Não aos meus, pelo menos directamente, mas aos espartilhos dos outros. Aos moldes (pobres, tacanhos, medianos) dos que não conseguem observar futuro para além do que, obviamente, é alvo de certa futurologia do senso-comum. No meio deste barulho de ferros cerebrais perde-se o sentido da pessoa. Ninguém pergunta, antes de julgar, gritar e berrar, o porquê do acontecimento ter acontecido (ou estar a acontecer). A pessoa, nisto tudo, perde-se. No seu magno sentido existencial. Não importa o sentimento próprio, a razão justificativa pessoal ou o mero impulso. Releva, nesta praça pública de tempos sem bruxas, castigar com o jugo dos outros. Outros, caros leitores, que são comparações. E isso, meus amigos, é aquilo com o qual mais me custa viver. Existir assim seria fácil, mas eu prometi-me à vida deste o primeiro dia em que me vi sofrer pelos outros.
Luís Gonçalves Ferreira
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