Chegaste de mansinho como quem entra, sem fazer barulho, dentro de uma casa que não te pertence, mas sempre admirou. Descobriste, mal entraste, que era um templo complexo, cheio de portas e falsas saídas. E dúvidas. E inseguranças. Desfizeste o culto e o deus e tudo o que lá se fazia. Mudaste a cor das paredes. Repuseste objectos. Reacendeste certas velas e apagaste outras tantas. Fizeste ver, lá dentro, ao habitante de sempre, que havia maravilhas noutros sítios com outros cultos. A natureza, essa vulgar instabilidade, mostrou-te que os caminhos eram turvos e negros de coisas vãs. Tu sabias. Entraste por isso, mesmo não sabendo o que era, hoje creio. Rezo e oro, dia-a-dia, para que não saias daqui, de dentro, onde decidiste entrar. Não pesemos sentimentos. Não criemos distâncias. Diz-me o que é isso dentro de ti, ao certo. Aliás, não digas. Faz silêncio. O deus - o do amor - diz-me que é simplesmente para mostrar, sempre, que um dia é um traço de um lápis de cera difícil de apagar.
Abri os olhos e não estás. Fechei-os... e não estás. Reabri... e continuas sem estar. E respirei, mais uma vez, de saudades e... e não apareces. E falo com o espaço. E abraço o tempo. E imagino-te, nobre princesa do meu peito. Não vás. Nem fiques como um peso. Permanece, como estás, amor meu, fica... Fica. Fica e não vás. Nem mudes. Aliás, muda, mas comigo junto. Quero sempre reconhecer o teu crescimento. O produto que foste fabricando. O monte que foste enchendo de ti mesma.
E continuo aqui, junto de ti. Estás no meu peito... nos meus braços. Por dentro de mim. Em todo o lado. Não é ficção, porque não foste embora. És o quê? Realidade? Um corpo? Inspiração? Diz-me. Sussurra-me qualquer coisa clara e límpida de ti. Farto peito cheio de vento. Do teu vento. Do nosso tempero. De ti. De nós. Eu mesmo já só sou produto. De ti. De nós. E continuarei aqui, coisa imensa, à espera. Não te toco. Não te chego. Mas também não morro por ti. Morrer seria perder-te para sempre. E isso... coisa que não sei o nome... é tudo o que não quero para mim.
Luís Gonçalves Ferreira
Uma só palavra : ESPECTACULAR.
ResponderEliminarAfinal são mais palavras, adorei está um estrondo mesmo =P
Qual Roberta, qual quê...
ResponderEliminarIsto é teu e muito teu, felizmente.
A dor d'amor é tramada. Felizmente, não é como as outras, que voltam com o mau tempo; esta, uma vez sarada, desaparece para sempre. É só esperar... ;)
Beijoooooooooooooo!
Não fiques mais tempo assim, parado, estacado em ti mesmo. Há momentos que só chegam até nós quando os buscamos e não por palavras, nem por quereres sentados à beira da cabeceira, mas sim por gestos e batalhas.
ResponderEliminarNão tenhas medo que te fechem a porta, pois tu abrirás uma janela bem mais bonita: a força que é amar.
Beijinho grande Luis.
...
ResponderEliminar(suspiro!)
Estou sem palavras Luis, o texto está absolutamente extraordinário nem sei o que dizer.
ResponderEliminarBeijinho *