Avançar para o conteúdo principal

A Morte

A morte é uma instância vagabunda de triste e forte. Sinto-a por todos os lados. E serpenteia-me a cabeça. E deixa-me abalado. Se eu morresse hoje não sei como seria, sinceramente. Como lidaria com a situação sendo um pobre espírito. Como veria os meus familiares tristes. E como saberiam os amigos da minha partida. Hoje, aos tantos de Julho, apeteceu-me fazer uma lista de pessoas a avisar aquando da minha partida. As minhas dores de cabeça estão cada vez mais forte e... tenho medo de morrer. Sinceramente, tenho-o. Não por mim, porque seria mais uma linha, mas pela minha mãe, pai, irmãs, o amor que se foi, restantes familiares e todos os amigos que colecciono e são raridades. Queria dizer, aqui e agora, que a morte é puta e fraca e má. E... ninguém merece conviver com ela de perto. Tenho medo de morrer. Mas sempre tive. E tenho medo de partir sem dizer tudo o que deve ser dito e fazer tudo o que deve ser feito, como disse António Feio. 

Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira

Comentários

  1. Texto carregado de emoção, medo, raiva...uma catharsis em pleno!

    Não podias ter descrito melhor a morte: "...puta e fraca e má.", mais que ninguém sabes o que dizes.

    Nunca saberemos se foi tudo dito e feito, aí está o problema ;)

    ResponderEliminar
  2. a morte é isso mesmo...

    ResponderEliminar
  3. Nao receeis a morte. Teme antes a vida. E faz o que diz Antonio Feio. A morte so engana quem nao vive...

    O teu sempre enorme abraço

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Vá comenta! Sem medo. Sem receio. Com pré-conceitos, sal e pimenta!

Mensagens populares deste blogue

Aceitação do Prémio Lusitania História – História de Portugal Academia Portuguesa da História

Senhora Presidente da Academia Portuguesa da História, Professora Doutora Manuela Mendonça,  Senhores Membros do Conselho Académico, Senhoras e Senhores Académicos,  Senhor Dr. António Carlos Carvalho, representante da Lusitania Seguros, S.A., Ilustres Doadores,  Senhoras e Senhores,  Vestidos de Caridade, Vestidos de Fé, Vestidos de Serviço, Vestidos de Pátria.  São vários os nomes que podem ter os vestidos que, ao longo da História, foram oferecidos de ricos para os pobres, dos homens e mulheres para os deuses, dos senhores para os seus criados e criadas, de um país ou reino para o seu povo, do ser que não se é para o que se quer ser. Em todos eles há pedido, necessidade, dádiva, hierarquia e crepúsculo. A minha avó Júlia, costureira de ofício e filha de um armador de caixões, fez durante décadas roupas de “anjinho” que alugava nas festas e romarias do Minho. Miguel Torga, num de “Os Contos da Montanha”, referiu que nem o Coelho nem outro qualquer da aldeia o ...

Quietude

Tenho saudades de quando, no calor do tempo, caminhávamos de mãos dadas. Tenho saudades de sentir que as nossas almas eram uma só e que, mesmo por tornado, o castelo ficaria intacto. Lembro-me de como sorria a olhar para ti. Era genuína a forma de te contemplar. Hoje a ferida está aberta por de mais. Tudo me deixa triste, porque a margem de erro diminuiu de tanto ser usada (e abusada). Hoje são como farpas que entram na pele e ferem ainda mais. Não sei até que ponto isto continua viável. Como se a amizade se pudesse avaliar assim... Está tudo fora do sítio e, eu, quieto, continuo à tua espera. Luís Gonçalves Ferreira

Carta IV

Avó, como estás? Noutro dia, como sempre, fui ver-te ao local onde está a tua fotografia e umas frases iguais a tantas outras. Eram vermelhas, as tuas flores. Estava tudo bonito e arrumado. A tua nova casa, como sempre, estava tão fria. O dia está sempre frio quando te vou visitar lá, já reparaste? Espero que no céu seja tudo mais ameno e menos chuvoso. Tu merecias viver mais tempo, porque eras calma, serena e um porto seguro. Queria voltar a ser menino e ter-te novamente e dar-te tudo o que merecias de mim. Era muito pequeno para perceber como merecias mais carinho... Tenho saudades tuas, avó. Do teu colo. Do teu carinho. Da tua protecção e de quando ias comigo passear, à terça-feira. Fomos dois companheiros muito fortes, não fomos? Deixaste-me de responder... Não te oiço. Mas sinto-te. Sinto muito a tua falta, onde quer que estejas.  Tenho muitas saudades tuas. Muitas mesmo.  Até logo, nos sonhos, avó. É só lá que me consigo encontrar contigo e abraçar-te docemente. Luís...