Conta-se na página setenta e três do livro Viagem do Elefante, de José Saramago, a seguinte soma de letras feitas filosofia e profundidade relativa. É a passagem que mais gosto do livro:
Luís Gonçalves Ferreira
O que vos diz este excerto?"Se chego a viena, não volto mais, Não regressa à índia, perguntou o comandante, Já não sou indiano, Em todo o caso pareces saber muito, Mais ou menos, meu comandante, Porquê, Porque tudo isto são palavras, e só palavras, fora das palavras não há nada, Ganeixa é uma palavra, perguntou o comandante, Sim, uma palavra que, como todas as mais, só por outras palavras poderá ser explicada, mas, como as palavras que tentaram explicar, quer tenham conseguido fazê-lo ou não, terão, por sua vez, de ser explicadas, o nosso discurso avançará sem rumo, alternará, como por maldição, o errado como certo, sem se dar conta do que está bem e do que está mal (...)"
Luís Gonçalves Ferreira
A mim diz-me que por vezes sentir é melhor do que poder falar ou ouvir as, tais, palavras. São só palavras, nada mais que palavras. Tudo o que poderei dizer mais é uma completa idiotice...
ResponderEliminarEu cá penso que as palavras são tudo.
ResponderEliminarNão há ser-com-os-outros sem palavras.
Por mais que elas sejam nuas. Porque, sendo-o, só espelham a nudez de/em nós.
O bem e o mal são palavras e é com palavras que os dizemos, os negamos, os definimos, os discutimos.
Nós somos palavras. Só nos pensamos por meio delas. E eu gosto disso porque gosto de palavras.
Já o outro senhor dizia para guardarmos silêncio sobre o que não conhecemos. Porque o que não podemos expressar, não existe em/para nós.
Gosto muito de palavras. E do que elas formam.