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Manifestis

Há pessoas de quem tenho saudades... de quem sinto a profunda e a imensa falta de ter por perto. As circunstâncias da vida, ora aqui ora ali, vão nos tornando distantes e próximos de pessoas. Pessoas essas que são plantadas na nossa vida com algum sentido e alguma finalidade. Lembro-me, assim de repente, de uma dúzia de pessoas que fui perdendo, hora por hora, fio por fio, passo por passo, por meras ocasionalidades da vida. Às vezes, no entretanto da vida, chegam alturas em que as pessoas se vão perdendo, fortemente, de dentro para fora e de fora para dentro, nesta unidade integrada em que somos gente.
Tenho saudades. Muitas saudades. Da JRe., do CPi., da VCu., do JBa., da  AFe. e da FEs., da minha avó e da paz que tinha junto desta gente. Os primeiros, felizmente, andam por aí e provavelmente não leram estas linhas que nem foram escritas para que as lessem. Se assim fosse, dar-lhe-ia isto, em presente, por um dos seus contactos que ainda possuo. Às últimas, por força natural das coisas, escrevo-lhes com o coração, porque a primeira e a segunda, em si mesmas, significam o mesmo: Algo que perdi por fora, mas guardo por dentro. Sinto falta do exterior nesta interioridade em complexo desintegrar de mim.

Luís Gonçalves Ferreira

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Pensar mais do que sentir

Tenho saudades de ser pequeno, livre e inocente. Sinto falta da irresponsabilidade de ser cândido e não saber nada sobre nada. Estou nostálgico em relação ao Luís que já existiu, foi, mas que não voltará a ver-se como se viu. Este corpo e alma que agora me compõem são reflexos profundos da minha história. O jeito de sorrir, abraçar e beijar reflectem os sorrisos, abraços e beijos que fui recebendo. Sinto falta do Luís que só sabia dizer mamã e Deus da má'jude . Sinto a ausência das pessoas que partiram e que naquele tempo estavam presentes. Sinto saudade de só gostar da mãe e de mais ninguém. Sinto saudades de sentir mais do que pensar. É um anseio que bate, mas nada resolve, porque apenas cansa a alma. A ausência corrói a alma e o espírito. É nestas alturas que penso que a Saudade e o fado são as maiores dores de alma que consigo ter. Provavelmente, sou mesmo um epicurista. Luís Gonçalves Ferreira

Sem parágrafos

Por momentos  - loucos, é certo - esqueço-me de mim e sou capaz de amar. Amar sem parar, com direito às anulações, sofrimentos e despersonalizações que os amores parecem ter. Por momentos - curtos e fugazes - eu esqueço-me de mim e sou, inteiramente, completamente, antagonicamente teu. Entrego-me, como quem não espera um amor livre. Dou-me como quem sente que as minhas vísceras são as tuas entranhas. Abraço-te como quem encosta os corações, que outrora estavam frios, gelados e nus. Aproveita, meu amor, eu sou teu. Aproveita que estou louco e leva-me contigo, para sempre. Rapta-me o corpo, a mente e o descanso eterno deste insano coração. Corres, contudo, o sério risco de não me levares por inteiro. Prefiro trair o coração que a mente, amar a imagem do que viver intensamente a vida de outrem. Amor, querido e visceral amor, leva-me e mostra-me que existes. Não sei quantas horas tenho para cumprir esta promessa que fiz a mim mesmo. A memória irá voltar e corres risco de já não me acha...