A República, implementada em Portugal há cem anos, não corrigiu os problemas estruturais que varrem o país há séculos, fruto de uma herança monárquica não menos tempestuosa que os sucessivos governos republicanos das I, II e III Repúblicas. Portugal - com ou sem República - é um país empobrecido por séculos de governos maus, de avanços industriais e tecnológicos tardios com péssimas relações com as liberdades individuais. A República - de inspiração Francesa - chegou a Portugal com século e meio de atraso. A industrialização - de inspiração inglesa - chegou a Portugal em comboio atrasado e descarrilado. A democracia - a plural, europeísta - sofreu de atraso particular. As vagas do Estado Social e do neo-liberalismo ainda estão a acontecer. As grandes nações europeias tiveram os 30 anos de ouro para a seguir liberalizarem. Portugal teve tudo isto, mas em processos completamente desproporcionais. A culpa, dirão todos, é da II República - permitam-me que lhe chame assim. Em grande percentagem concordarei, mas não consigo deixar de observar que as grandes democracias mundiais são monarquias. Não vos consigo deixar de esconder que a implementação da República não resolveu nada, mormente se pensarmos que nos precipitou numa guerra e nos caminhou para a ditadura. Matar o rei - esse acto de barbárie intelectual - foi fruto de aspirações despóticas de uma classe político-social. Experimentou-se o que se havia de experimentar. Provou-se o que 100 anos deixaram provar. E agora, na festa da res publica (a "coisa do povo"), cabe ao povo reflectir sobre a utilidade de um sistema político. Não sou monárquico, mas não desconsidero a utilidade prática de um outro regime, atendendo às circunstâncias político-sociais do surgimento e implementação da República em 5 de Outubro de 1910.
É sobre o Estado da República - da do povo - que convém reflectir. Falta pluralidade de partidos nesta rotação moribunda, sistemática, de dois eixos de poder. Lembro-me: Depois da Carta Constitucional de 1926 e da Constituição Vintista - e dos seus períodos alargados de vigência - os sucessivos governos faliam dentro da instabilidade parlamentar devido ao bipolarismo que ainda hoje se verifica.
Bem, apetece-me dizer que afinal o problema nem é do sistema, nem da cabeça do Estado, nem dos textos, nem dos brocados, mas das pessoas. São elas que fazem a República, a Monarquia, o Estado, os partidos, a democracia e, mormente, a própria Nação.
Bem, apetece-me dizer que afinal o problema nem é do sistema, nem da cabeça do Estado, nem dos textos, nem dos brocados, mas das pessoas. São elas que fazem a República, a Monarquia, o Estado, os partidos, a democracia e, mormente, a própria Nação.
É este o estado da Res Publica que marcará a República dos nossos filhos? Triste fado.
Luís Gonçalves Ferreira
Luís Gonçalves Ferreira
A República está velha, cansada, doente e cheia de ratos...
ResponderEliminar