Existia um terra encantada onde só vivia uma pessoa. Só existia aquilo. Só se ouvia a si mesmo, aquele ser. Não sei, ao certo, como era viver ali. Não sei o que se ouvia e se valia a pena ouvir com tão pouca diversidade. Não sei o que se cheirava e, tão-pouco, se valia a pena cheirar além do próprio odor. Era uma terra encantada, mas triste. Encantada, como é tudo o que o homem desconhece e tende, desde logo, a endeusar. Triste, porque eu sei. Sei que, sozinho, não se é feliz. Aliás, sozinho não se é nada. E sem mais ninguém pouco ou mais existe que o próprio alguém que está só. Não sei mais sobre o tal território infértil. Nem sonhei com isso, sequer. Mas veio-me aos dedos o impulso de dizer isto. Não sei se sou eu o ser. Se és tu, desse lado, em frente ao computar, provavelmente sozinho. Não sei se é um casulo. Não sei se é um livro. Sei que escrevi isto. Isso sei.
Luís Gonçalves Ferreira
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