(...)
Depois de um acordar normal, entre a riqueza do espaço e monotonia dos passos, Rodrigo deixou, mais uma vez a sua companheira de noite, tão somente a amante de corpo lambido, cuspido, arranhado, fruído, despido ou gemido pelo barulho das mãos.
- Vens tomar o pequeno-almoço? - perguntara ele, com a secura que o tempo permitira.
Silêncio se fez. Sofia continuava intelectualmente bêbada, depois de uma noite quente como aquela. Na verdade, Sofia era limitada. Ao contrário do que Rodrigo pensou quando lhe ouviu o nome, em Sofia, morena do acaso dos genes, loira por milagre da São Cabeleireira, pouco era de sofisticado. Bonita, alta, porte de modelo, pisar poderoso. Abria a boca e caía dos saltos. É horrível viver com um doente de síndrome vertiginoso, mas ele configurava-se masoquista convicto. Rodrigo, em momentos loucos de auto-reflexão, questionava-se acerca dos porquês deste abusar inculto, mas belo. Os olhos comem muito, mesmo os dos intelectuais.
O corpo, como para qualquer ser humano minimamente honesto, tinha uma conotação fulcral no come e cospe pendular de Rodrigo. Tudo se poderia justificar pela sua paixão pelo canivete suíço do Deus dos corpos. Os seios, as pernas, os lábios, o desenho dos dentes... Era tudo aparentemente perfeito. O Deus não é impecável nos projectos, daí ter criados os cacos vazios e patos-feios. Uns desenhos são frustrados, mas refinados no intelecto. Outros são o desastre puro da criação, onde o espírito é baixo, o belo é horrível e o feio faz-se pavoroso. Ainda há uma terceira classe, por certo a verdadeira reflexão do divino, que conjuga a beleza interior com o repasto preconceituado do ser-se interessante. Da terceira classe dos seres humanos, era Rodrigo o espelho. Era-o na aparência...
Depois de um acordar normal, entre a riqueza do espaço e monotonia dos passos, Rodrigo deixou, mais uma vez a sua companheira de noite, tão somente a amante de corpo lambido, cuspido, arranhado, fruído, despido ou gemido pelo barulho das mãos.
- Vens tomar o pequeno-almoço? - perguntara ele, com a secura que o tempo permitira.
Silêncio se fez. Sofia continuava intelectualmente bêbada, depois de uma noite quente como aquela. Na verdade, Sofia era limitada. Ao contrário do que Rodrigo pensou quando lhe ouviu o nome, em Sofia, morena do acaso dos genes, loira por milagre da São Cabeleireira, pouco era de sofisticado. Bonita, alta, porte de modelo, pisar poderoso. Abria a boca e caía dos saltos. É horrível viver com um doente de síndrome vertiginoso, mas ele configurava-se masoquista convicto. Rodrigo, em momentos loucos de auto-reflexão, questionava-se acerca dos porquês deste abusar inculto, mas belo. Os olhos comem muito, mesmo os dos intelectuais.
O corpo, como para qualquer ser humano minimamente honesto, tinha uma conotação fulcral no come e cospe pendular de Rodrigo. Tudo se poderia justificar pela sua paixão pelo canivete suíço do Deus dos corpos. Os seios, as pernas, os lábios, o desenho dos dentes... Era tudo aparentemente perfeito. O Deus não é impecável nos projectos, daí ter criados os cacos vazios e patos-feios. Uns desenhos são frustrados, mas refinados no intelecto. Outros são o desastre puro da criação, onde o espírito é baixo, o belo é horrível e o feio faz-se pavoroso. Ainda há uma terceira classe, por certo a verdadeira reflexão do divino, que conjuga a beleza interior com o repasto preconceituado do ser-se interessante. Da terceira classe dos seres humanos, era Rodrigo o espelho. Era-o na aparência...
(Escrito vai para muito tempo)
Luís Gonçalves Ferreira
Que texto formidável, grandes palavras :)
ResponderEliminarE adorei o novo visual deste teu espaço.
Beijinho *
"Ainda há uma terceira classe, por certo a verdadeira reflexão do divino, que conjuga a beleza interior com o repasto preconceituado do ser-se interessante. Da terceira classe dos seres humanos, era Rodrigo o espelho. Era-o na aparência..."
ResponderEliminaresta ficou-me. A aparência da própria aparência.
Gostei :)
A São Cabeleireira é uma safada. Transforma uma morena em loira? Não se faz...
ResponderEliminarSe bem me lembro isto foi escrito ha um ano.
Mui bien :p
kiss*
Diana Machado
AH ia me esquecendo. ADORO o novo visual *
ResponderEliminarD.M
Belas palavras!
ResponderEliminar