Acabas por ser corruptível em dois sentidos. E tudo na vida é assim: Se não morres da doença acabas por morrer da cura; Se não morres por amor, a morte mata-te o amor pela ausência do corpo.
Ou seja, desse ponto, nunca és realmente feliz*.
Nunca. Ou és, na fio da navalha. Estás em cima de uma linha, de um trapézio. É por isso que a felicidade plena não existe: o abismo está debaixo de ti. Tropeças e cais.
E a vida são sucessivas linhas. Sucessivos trapézios. Sucessivos equilibrios.
É por isso que o medo é tão humano como a tua perna ou o teu braço.
O teu corpo está sujeito ao medo de se perder.
A tua mente sujeita ao medo de esquecer.
O teu coração sujeito ao medo de não bater jamais.
Inúmeras variáveis sujeitas à queda.*
E quando tens alguma coisa continuas a ter medo. De perder. De cair. De sair do trapézio.
O mais irónico: quem nao opta por viver no trapézio não vive. Sobrevive.
Luís Gonçalves Ferreira
*por Luís Monteiro
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