É quase terça-feira e eu consigo resistir sem ti. São três dias... Quase quatro. És como uma droga, ou uma dependência qualquer. Cada minuto, cada segundo... Destilam-me as horas, o tempo. Destila-me a vontade louca de te falar e de abrir a janela única que existe entre nós. No momento em que o faço, paro. Penso no que existe de diferente entre nós, o que não te permitiu agarrar-me e agrafar-me a tempo. Fui-me para longe, gradualmente, ao contrário da força que nos uniu e da rapidez que me precipitou nos teus beijos. Venho, por este meio parco, dizer-te que penso em ti todos os dias, a todas as horas. Lembro-me do teu cheiro, do teu sorriso, da tua dádiva, mas também recordo a desilusão, a expulsão, o afastamento. Lembro-me de te ter tido nos braços, nos lábios, e na imensidão de corpo que foi teu, por inteiro. Recordo-te em cada linha e não acredito que acabou. Este sentimento tolo, dependente, consome-me ardentemente, mas agora longe... Não sentes a chama que já te queimava, e que ainda arde dentro de mim. Antes que saíssemos verdadeiramente feridos, a fonte de calor afastou-se. Sou eu, sozinho, que hoje ilumino esta ilusão de nós. Não sei quando vai acabar. Não sei quando te deixarei de amar... Sei que te espero, inocentemente, cheio de incoerência, no local do costume, à mesma hora, mas só pela única janela que deixei aberta para o nosso jardim de Inverno. Tenho saudades tuas. E os sinos batem essas badaladas ao ritmo do meu coração.
Até um dia,
Luís Gonçalves Ferreira
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