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"Andiamo"

Gosto de ver a paz nos olhos das pessoas e recordar as fotos nas quais eu via essa paz. Hoje não a tenho, por motivos vários. (Votei-me a queixar aqui, será sinal que regressei?) Baterei com os burros na água muitas vezes. Sofrerei outras tantas. E escreverei mais vezes, por ser aqui que me sinto livre. O "Facebook" tinha-me roubado essa liberdade. Outrora, teria escrito lá isto e pronto. A frase bonita terminava nos quatrocentos e vinte caracteres da ignóbil existência do prazer-fácil moderno. Mas não. Tenho-me devolvida a liberdade de ser quem eu sou, ou da pessoa que aqui cultivo. Só me liberto e dou aquilo que quero. Aquilo que pretendo. São as minhas inspirações, no fundo. A minha verdade. Escapei ao azar com uma sorte colossal. E é isso o mais importante: a sorte que nos oferece coisas. Andiamo. Tenho saudade de paz de espírito, mas tenho sorte. Dizem-me os metros ao poste e os milésimos de segundo sem nenhum carro na outra faixa de rodagem.

Luís Gonçalves Ferreira

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Pensar mais do que sentir

Tenho saudades de ser pequeno, livre e inocente. Sinto falta da irresponsabilidade de ser cândido e não saber nada sobre nada. Estou nostálgico em relação ao Luís que já existiu, foi, mas que não voltará a ver-se como se viu. Este corpo e alma que agora me compõem são reflexos profundos da minha história. O jeito de sorrir, abraçar e beijar reflectem os sorrisos, abraços e beijos que fui recebendo. Sinto falta do Luís que só sabia dizer mamã e Deus da má'jude . Sinto a ausência das pessoas que partiram e que naquele tempo estavam presentes. Sinto saudade de só gostar da mãe e de mais ninguém. Sinto saudades de sentir mais do que pensar. É um anseio que bate, mas nada resolve, porque apenas cansa a alma. A ausência corrói a alma e o espírito. É nestas alturas que penso que a Saudade e o fado são as maiores dores de alma que consigo ter. Provavelmente, sou mesmo um epicurista. Luís Gonçalves Ferreira

Sem parágrafos

Por momentos  - loucos, é certo - esqueço-me de mim e sou capaz de amar. Amar sem parar, com direito às anulações, sofrimentos e despersonalizações que os amores parecem ter. Por momentos - curtos e fugazes - eu esqueço-me de mim e sou, inteiramente, completamente, antagonicamente teu. Entrego-me, como quem não espera um amor livre. Dou-me como quem sente que as minhas vísceras são as tuas entranhas. Abraço-te como quem encosta os corações, que outrora estavam frios, gelados e nus. Aproveita, meu amor, eu sou teu. Aproveita que estou louco e leva-me contigo, para sempre. Rapta-me o corpo, a mente e o descanso eterno deste insano coração. Corres, contudo, o sério risco de não me levares por inteiro. Prefiro trair o coração que a mente, amar a imagem do que viver intensamente a vida de outrem. Amor, querido e visceral amor, leva-me e mostra-me que existes. Não sei quantas horas tenho para cumprir esta promessa que fiz a mim mesmo. A memória irá voltar e corres risco de já não me acha...