Quando se ama alguém de forma não correspondida por muito tempo, o nosso corpo habitua-se ao pouco que é um amor que não conhece um espelho: uma doença dos olhos, uma loucura que vê em todas as folhas que mexem um terramoto. É uma sinestesia estranha entre aquilo que algum dia se teve e aquilo que efectivamente se possui. É isso uma doença da realidade, como uma ficção de sentimentos: um teatro continuado por pura necessidade de sobrevivência.
Há-de chegar o tempo em que o ridículo do pouco que se recebeu relevará e fará pensar. Valeu a pena? Onde está, agora, a pessoa a quem lhe devotamos o maior amor que conseguimos canalizar? É um processo seguido de múltiplas réplicas. As réplicas são traumas e formas de operar. São como modelos tortos, doentes, repetidos até curar a ferida. Não existe maior injustiça advinda de nós mesmos senão aquela de amar alguém que já partiu: uma perpétua devoção ao molde daquilo que foi mais dado que recebido. A minha maior réplica é a de querer dar amor de uma só vez: como quem quer dominar os mares na primeira maré.
Dos fracos a História nem caso faz, daí é a junção dos cacos e a continuidade que importam sempre. É uma luz eterna, feita da nossa fidelidade ao sentimento de dever cumprido.
Arrependimento sempre do que se terá feito e nunca do que ficou por fazer.
Fidelidade à necessidade de nunca deixar nada por dizer, nada por fazer.
Pessoas ensinaram-me isto na vida: a minha avó é a maior força que tenho, sobrevivendo como uma estrela. Estes últimos meses ditam uma enorme abertura às verdades dos outros, que tinha como inúteis perante o meu dogmatismo. Estou mais rico, mais forte e mais consciente de mim. Gostava de ter a força destas linhas amanhã. E depois. E depois.
Arrependimento sempre do que se terá feito e nunca do que ficou por fazer.
Fidelidade à necessidade de nunca deixar nada por dizer, nada por fazer.
Pessoas ensinaram-me isto na vida: a minha avó é a maior força que tenho, sobrevivendo como uma estrela. Estes últimos meses ditam uma enorme abertura às verdades dos outros, que tinha como inúteis perante o meu dogmatismo. Estou mais rico, mais forte e mais consciente de mim. Gostava de ter a força destas linhas amanhã. E depois. E depois.
Luís Gonçalves Ferreira
Vais ter esta força de hoje, amanhã e sempre carregada em teu coração.
ResponderEliminarPorque és forte, muito forte. Pensa sempre nisto: "nada, nem ninguém é mais capaz que eu", porque afinal és tu que dás vida aos teus dias, está em ti a capacidade de ir em diante. E eu sei que vais!
Um enorme beijinho aqui da Francisca, com o desejo de um bom resto de domingo.
"Quando se ama alguém de forma não correspondida por muito tempo, o nosso corpo habitua-se ao pouco que é um amor que não conhece um espelho" -> É tão verdade... Sempre me deixas sem palavras, mas este post, está de certa forma bem especial, gostei muito..:D
ResponderEliminarE força, tu tens essas força, tens que a encontrar dentro de ti e ela está bem lá...:)
Beijinho grande*