Meu amor, tenho saudades tuas. E agora não consigo contar os dias, nem as horas, mas sufocam-me as noites mal dormidas e os sonhos repetidos. Não sinto falta do teu amor, confesso-te. Não é da tua paixão nem do gemido do teu coração. Não, não é isso. Tenho saudades do teu conceito, da tua companhia, do teu abraço. Sinto a falta do teu cheiro e do piano da tua voz. Sinto-me tristemente isolado num campo amarelo, como um ponto na seara louca. Nada se mexe para além daqui. Nada acontece para lá da fronteira da espera, dos olhos feridos que tentam (desesperadamente) encontrar alguém para (re)encontrar uma poltrona vermelho-escarlate. Tenho saudades não do que perdi, nem do que vivi, mas do que me falta viver. É vão pensar que sentimos falta do que nunca tivemos, mas eu acho que é isso. É isso que me leva a atacar tudo com os dentes, em ferros, como quem espera ter o mundo na mão no primeiro instante. Esqueço-me que a conquista é mental, é mentirosa, como a esfera armilar de um alquimista. Sinto a falta das linhas de um rosto ou da calma do final do dia. Sinto falta como me fazes falta.
Às vezes suportar mais um instante do futuro torna-se um desafio longe de alcançar.
Do teu corpo ferido,
Luís Gonçalves Ferreira
Carta extremamente emocionante para quem a lê mas principalmente quem sente a força e vemencia da palavra em sim , pois cada palavra ecoa um sentimento,um desejo. Ecoa tudo aquilo que nos faz sentir a dor proveniente da falta e do vazio que se vai instanlando dando origem assim ao sentimento mais marcante e talvez mais doentio que é a saudade, saudade que nos leva a duvidar e a questionar de tudo .
ResponderEliminarBeijinho *