Procuras um cheiro, e ele não está. Procuras um corpo, e ele não está. Pedes um desejo, e ele não vem. Procuras, e não encontras. Olhas e não vês. Sentes e nada sentes. É a monotonia das horas, dos sentimentos, das pessoas. E é algo que consome e faz sofrer. É sentir-se que se vai e vem e, sem voltar, por lá se fica: na penumbra do que não se tem. E a maior angústia é a da perda, mesmo daquilo que não se tem, mas que na mente, de mansinho, fomos criando como num drama. Os actores são nossos. As histórias criadas pela nossa cabeça. O tempo é o nosso palco. Os sonhos as nossas luzes. E sobrevive. O actor sobrevive nas suas personagens como eu (sobre)vivo nos meus sonhos. E não existe nada mais pequeno do que sobreviver...
O sol tem asas. De noite não as vejo, mas sei que estão lá. As estrelas para o dia e as asas para a noite: uma tremenda (des)ilusão.
Luís Gonçalves Ferreira
Comentários
Enviar um comentário
Vá comenta! Sem medo. Sem receio. Com pré-conceitos, sal e pimenta!