Todos os corpos têm almas, mas existem almas que sobrevivem sem corpo. Pesos pesados e dimensões tidas, vale o mais importe: as almas. Sobrevivem, vagamente, nas memórias que sepultamos; muitas delas prometemos jamais esquecer. Promessas prometidas, guardadas, e algumas esquecidas quando o lugar virtuoso que ocupavam é preenchido por outra qualquer alma que nos faz sonhar. E o corpo não vale perante as linhas imensas do imaterial: saímos à rua e sentimos presenças, vibrações, e energias poderosas como aquelas que nos levam a fixar um olhar piedoso numa alma desprotegida. Pés ao caminho e olhos postos na estrada... Não são mais do que traços e meros riscos. Sem direcção. Sem caminho e com um ignóbil feche de luz que outrora fora super-nova. Voltar atrás, mas ter o chão como um cão fugido do dono que fustiga e castiga ou manda incendiar. Não podemos falsear nos passos nem prometer mundos ao mundo: o nosso Mundo está num circulo pequeno de mais para a nossa caneta. Confusão. Loucura. E um breve pensamento de um final fácil e dramático, com direito a todo o carinho que ficou por receber. Olhos vagabundos, pele cansada, nariz cortado pelos cheiros que as almas deixaram. Como latido que fareja, vão-se as contas na matemática que o destino baralhou. Copas, espadas, escudos e outras cartas inventadas, porque jamais foram recebidas. Ou simplesmente recebidas, sem tão-pouco queridas, amadas, desejadas.
Este texto não tem história nem ponta por onde se lhe descubra o que vai deste lado.
São linhas. Fartas linhas. Como almas que se descobrem, na penumbra, quando até os mais fracos pontos revelam luz.
E sempre. Para sempre. Todo sempre.
Luís Gonçalves Ferreira
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