É o saber que tanta coisa se perdeu, no entretanto. Das memórias que plantamos juntos e das certezas que, infinitamente, nunca poderemos reconstruir. É o conhecer dos riscos que corremos, das linhas que traçamos e dos rumos que talhamos. É recordar a tensão, os suores, as respirações e a tangente do prazer e do amor, que loucamente me sepultaram nesta magnífica e poética saudade. É o desespero da falta de contacto, de não perceber os silêncios e nem sequer contar os segundos, porque as horas são tremendamente mais fortes. É o estar perdido, desencontrado, sem rumo. E, mais das vezes, me sentir sozinho, mesmo que tremendamente acompanhado. É como gritar no silêncio sem sequer ter força para dizer um som que os outros percebam. É um sentimento de abandono. De auto-desapego, sem porta de fuga. E é o sentimento de morte e do chorar por dentro 16 horas por dia. Do pedaço que se tirou e nunca mais se colocou. É uma procura vazia e um encontro que não existe, mesmo quando tento respirar, no meio de cada conquista. É a perda de valor dos fins, porque os inícios lhe estão muito colados. É não conseguir saborear, aproveitar, com o medo de cair. É o cair e não saber se me levanto a seguir. E, adolescentemente, escrevo estas linhas, sabendo que o trabalho de amanhã me perdoará a asfixia e me obrigará a esquecer que o silêncio da noite existe e é tenebroso. É o querer partir, mas não conseguir, porque a porta de saída, muito provavelmente, dará noutro não-destino que é a ruína de já nem ter o chão. É a loucura: de não te ter por culpa de coisa nenhuma. É a loucura. E a melancolia de não te ter de volta. É o estar apaixonado e não ser correspondido. É uma tremenda e irracional estupidez.
Ninguém te amou como eu te amei.
Luís Gonçalves Ferreira
Oh Luís.. Escreves tão bem.. É que uma pessoa mesmo que queira nem sabe o que comentar! :)
ResponderEliminarAdoro tanto!! :) *
ResponderEliminarMeu querido, esse é o meu tumblr!!
Beijinho grande*