São saudades. Das que tiram a fome, a vontade de sair, o medo de te encontrar. São as saudades. As de não saber o que sentes, o que fazes, onde estás. São as saudades. As de sentir que continuo um adolescente, outra vez, por só me apetecer fazer tudo o que está errado. São saudades e esperanças. Das estúpidas, por querer acreditar que ainda me amas, apesar do ódio que sentes. É a mudez. É a cegueira. É a poesia. É o tudo resto que juntamos, um com o outro, num vaso de areia à entrada de casa. Tenho medo. De não deixar de sentir isto. De não seguir em frente tão cedo. Tenho medo. Do teu longe e desta certeza doente que nunca mais nos vamos largar, porque duas almas assim não têm sexo como nós tivemos. Tenho medo. Que este suor, só por ti tatuado, não se misture mais. Daquela forma - a nossa - tenho a certeza que nunca mais. Tenho medo. Do escuro. Da falta de quentinho da lareira. Das partidas.
Vou entrar em piloto automático, novamente, e continuar a lutar para que tudo fique bem. São dez de Dezembro e sinto o teu peito no meu e aquele calor a zarpar-me pela pele.
Tenho medo. De te perder para sempre.
Tenho medo. De tudo.
Tenho medo. De funerais. De despedidas. De perdas. De ti.
Tenho saudades.
Tuas. Nossas. E é impossível que isto seja um monólogo.
Luís Gonçalves Ferreira
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