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Talvez

Talvez. 

Que destino era aquele que não deixava que o presente fosse saboreado?
Talvez almas destinadas uma à outra, mas coladas em corpos estranhos. Talvez fossem espíritos encontrados com um desafio meta-físico pela frente. É a simbiose dos sentimentos. É o saber que se gosta, e que se viveria perfeitamente com. É o duvidar se seria melhor sem, mas tremer por dentro quando não se tem. É a confusão. São corpos unidos, criados, siameses, mas que não funcionam perante os nomes dos homens. Será esta uma prova de eternidade? Será este um pedaço que as línguas, as palavras, as legendas não deixam perceber? Que destino amargo este de desejar ter, para que a censura da intelectualidade tome conta de tudo. Que irreais certezas. Que acreditar vão. Que fado? É o estar e viver com isso todos os dias. É comunicar por palavras para que os sentimentos se preencham - é o acontecer o oposto. Teremos sido amantes mudos noutra vida? 

É melhor não acreditar em destino. É melhor não acreditar no futuro.

Silêncio,

talvez.

Luís Gonçalves Ferreira

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